sábado, 8 de outubro de 2011

Contra o sistema actual de portagens; controlo e acesso electrónico das estações!

 
As notícias vão informando que as Empresas Públicas, EP, são na sua maioria deficitárias, têm portanto, um prejuízo constante que é colmatado, através do capital oriundo do Orçamento Geral do Estado, OGE, que por sua vez tem origem nos impostos que a grande maioria de nós paga, para que seja possível continuarem a funcionar…

Por sua vez, as administrações são na sua maioria, constituídas por indivíduos cujo perfil e antecedente profissional é terem a confiança político-partidária, em vez da competência; experiência; conhecimento, etc. Os ministérios que as tutelam não exigem, nem responsabilizam ninguém, acerca dos bons ou maus resultados, seja em termos financeiros, seja em termos sociais, enquanto prestação de serviços.

 Se por um lado, o prejuízo constante é mau, por outro, a insatisfação dos clientes/utentes, leva a que tenham mais prejuízo a longo prazo. No entanto, continua a estar em causa despesa suportada por todos nós. A falta de segurança; a falta de rigor nos horários; o aumento recente de bilhetes e passes em mais de 20%, juntamente com os novos sistemas electrónicos de acesso e controlo às estações de comboios de superfície e subterrâneos, vulgo CP e Metro, constituem um verdadeiro insulto.

Os novos sistemas de acesso às estações e bilhética electrónica, ainda não há muito tempo, só existiam em Lisboa. Há poucos meses, resolveram montá-los também aqui nas estações de Sintra, como se fossem um benefício para os utentes dos transportes públicos.

Quem utiliza diariamente ou esporadicamente o comboio ou o metropolitano, não fica indiferente ao incómodo causado pelos novos sistemas de portagens; controlo e acesso que funcionam como vedações de labirintos, como se as estações fossem caixas-fortes ou recintos de alta segurança, transtornando a vida às pessoas, que são tratadas ao nível de gado, sem se ter em conta o seu bem-estar, proporcionando um serviço com qualidade e eficiência.

  
Estávamos em 10 de Janeiro de 2008, quando a empresa Siemens, ganhou o concurso lançado pela CP, Caminhos-de-ferro de Portugal, EP, cujo presidente do Conselho de Administração era o Sr. Eng. Francisco dos Reis, filiado no PS e que exerceu o seu mandato até 2010. O objectivo era implementar um novo sistema de controlo de acessos e bilhética sem contacto, Calypso, com início em Lisboa. Contrato que ultrapassou os 5 milhões de euros!

Segundo a CP, a proposta da empresa Siemens, foi a que reuniu o consenso do júri, que tinha 6 critérios de avaliação: preço; qualidade e valia técnica; metodologia de instalação; prazos de entrega da obra; garantia e manutenção do equipamento. Como se vê, os critérios podem ser reduzidos a dois: custo financeiro e especificidades técnicas do equipamento. Mas não teve os critérios de: utilização e incómodo ou custo/benefício para os utentes!

 

Diz assim a CP: “Com a instalação deste sistema, desenvolvido no âmbito do prejecto “Bilhética Sem Contacto”para a região de Lisboa, a transportadora deu um passo importante para garantir também a interoperacionalidade, com os restantes operadores de transportes da Área Metropolitana de Lisboa.”

Mais à frente diz: …”tem como objectivo aumentar os níveis de segurança para os passageiros; reduzir os níveis de fraude e aumentar a protecção das infra-estruturas.”

Há aqui uma verdade e duas mentiras. A saber: segurança? Qual segurança? Se podemos ser assaltados dentro ou fora das estações, no interior das carruagens, de noite ou de dia! Protecção de infra-estruturas? …Bem chegamos ao ponto fulcral: a redução dos índices de fraude. Mas quem é que não tem costume de comprar bilhetes? Que eu saiba, são os estrangeiros e ciganos, mais ninguém. Mas além destas existe outra razão não declarada: o controlo de pessoas. Quem entra; quem sai; onde vai, a que horas, etc. Tudo sem darmos por isso. Não acredito que são 5% ou 10% de fraudes que fazem que se gastem milhões de euros, num equipamento e num negócio, em que o único beneficiado é a empresa Siemens. 


Se pensam que não se pode circular sem bilhete, com o actual sistema de portagens e labirintos, desenganem-se…porque é!

Não se pode admitir um sistema de controlo e acesso às estações, sem qualquer benefício para os utilizadores dos transportes públicos, ainda por cima com bilhetes mais caros! Não se pode admitir, que cidadãos sejam tratados, tal como os animais, circulando em corredores apertados, numa qualquer fila para abate! As estações deveriam ser um espaço aberto e de livre acesso, sem impedimentos insultuosos.


O sucessor da administração anterior da CP, o Sr. José Benoliel, continuou a má política, faltando saber se foi por concordar com ela ou por obrigação contratual: replicou o novo sistema de controlo do acesso a todas as estações de Sintra e provavelmente irá a todo o país, sem ter tido em conta o incómodo que eles causam! Prova-se portanto, que nenhum destes senhores, tem o hábito de utilizar os transportes públicos, nomeadamente o comboio, nem tiveram interesse em averiguar in loco, como funciona de facto essa “maravilha” da tecnologia.

É evidente que o custo dos bilhetes ou passes deve ser pago, se não poder ser gratuito, mas não da forma e nos moldes em que funciona o sistema actual. Quantos postos de trabalho deixa a CP ou o Metro de contratar, para a função de revisor ou vendedor de bilhetes?

  
Quantas pessoas são incomodadas diariamente, pelo funcionamento das máquinas de bilhetes e a na validação e acesso às entradas e saídas das estações?! Chega-se facilmente à conclusão, que apenas a empresa Siemens tem benefícios com este sistema, porque é um negócio de milhões, em que o bem-estar dos utentes não é tido em conta. Sentem-se incomodados ao terem necessidade de utilizar o comboio, mesmo sem darem conhecimento à administração da CP, que o sistema vigente, não se admite, nem é próprio para funcionar com pessoas.



  
Viva Sintra! Terra Portuguesa!