domingo, 26 de fevereiro de 2012

O crime em Sintra não pára, transformando uma terra outrora segura, numa outra sem lei nem roque!


Dada a gravidade da situação, impõe-se relembrar mais uma vez, a realidade das ruas deste município. Aqui transcrito notícias recentes da imprensa. Com elas confirma-se o que a população está cansada de saber, mas as autoridades nos seus diversos níveis, não fazem caso: o estado da falta de segurança em crescendo, com crimes em todas as modalidades, praticados por grupos de bandidos ou simples criminosos, quase “legais” e sempre impunes!

Até quando iremos suportar esta miséria?! Estes crimes são normais em países do chamado “Terceiro Mundo”, mas não eram há poucos anos a esta parte, comuns em Sintra, como os que se seguem:

Um condutor foi sequestrado em Rio de Mouro, Sintra e enfiado na bagageira do seu próprio carro por um grupo de assaltantes. A vítima foi obrigada a revelar o código dos seus cartões tendo sido agredida:

Era perto das 21:30 quando o dono do Citroën C4 foi surpreendido por três indivíduos que o obrigaram a entrar na bagageira do próprio carro. O grupo dirigiu-se para uma caixa de multibanco, numa área de serviço em Mem-Martins, para obrigar a vítima a fazer levantamentos de dinheiro no entanto esta enganou-se nos códigos e acabou sendo agredida. Os ladrões acabaram por desistir e fugir abandonando o proprietário do veículo que entretanto pediu socorro a populares. Mais tarde acabou sendo transportado para o Hospital Amadora-Sintra. Fonte: CM


Após mais um assalto registado no Concelho de Sintra, a Associação Empresarial de Sintra (AES) mostrou a sua preocupação com o aumento de assaltos violentos, uma vez que o crime e a falta de polícias nas ruas, geram um clima de insegurança que afectam os comerciantes:

Devido à onda de assaltos com recurso a armas que tem assolado o concelho, Manuel do Cabo, presidente da Associação Empresarial, alerta para o facto de os clientes estarem a evitar o comércio local. Aponta ainda a falta de polícias a patrulhar as ruas como um dos factores que leva ao aumento do sentimento de insegurança por parte da população. De acordo com Manuel do Cabo, existem diversas unidades policiais mal equipadas no que diz respeito às viaturas e a polícia acaba por não ter meios para fazer as patrulhas. Refere ainda que em Belas, Cacém e Queluz quase que não se vêm autoridades a fazer a ronda. Fonte: CM

PSP detém jovem por co-autoria de crimes de roubo na Linha de Sintra:

A PSP deteve ontem um homem de 20 anos, residente na zona do Cacém, pela co-autoria do crime de roubo. "O suspeito abordava as vítimas no interior dos comboios da linha de Sintra durante o lapso temporal entre o aviso que anuncia o fecho das portas e o seu fecho efectivo, através de coação física, pelo método de esticão e com grande violência, desapossava as vítimas dos seus bens, sempre ouro", explica a PSP. No âmbito das diligências subsequentes, a polícia "conseguiu estabelecer ligações a vários crimes de roubo praticados nos últimos seis meses, continuando a explorar e investigar outras situações possivelmente relacionadas com o suspeito." Fonte: PSP

Incêndio deflagra em casa em construção:

Um incêndio deflagrou esta terça-feira numa habitação em construção na localidade de Mucifal, em Almoçageme, Sintra, informou à Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa. Fonte: CM

 
Incêndio na Serra da Carregueira, junto ao quartel dos Comandos:

O incêndio foi detectado esta terça-feira pelas 19h30 em zona de mato e eucaliptal, "dentro" e "fora" do perímetro Militar da Carregueira, na estrada de ligação Belas/Pêro Pinheiro e foi dado como "dominado" pelos bombeiros, às 22h12. Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), o incêndio deflagrou ao final da tarde, e consumiu zonas de mato e eucalipto "dentro" e "fora" do Perímetro Militar da Carregueira. Para o local foram mobilizados 110 bombeiros de várias corporações de bombeiros, apoiados por mais de 34 viaturas e um Posto de Comando Operacional, instalado no Quartel da Carregueira. No local esteve Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra. Fonte: JN


Sexo na rua revolta moradores:

Sexo na via pública, insultos, barulho até madrugada e clientes embriagados são algumas das queixas de um grupo de moradores da avenida Dr. Miguel Bombarda, em Queluz (Sintra). Em causa, acusam, estão dois estabelecimentos – O Cantinho da Amizade e K&B – "que não cumprem horários, apesar das muitas visitas da PSP ao local". A situação, afirma o morador José António, "arrasta-se há dois anos". "Já vimos pessoas a ter sexo na rua e outras em carros". A autarquia afirmou ao CM que o K&B está ilegal, por não ter licença e horário de funcionamento. Fonte: CM. - Comentário mais votado:  "Tudo ilegal e tudo a funcionar. Que linda justiça que temos." Rui Lolo

Queluz; Sintra. Assaltante reincidente, volta à cadeia:

Um jovem de 16 anos, que já cumpriu dois anos de reclusão em regime fechado (no âmbito de um processo do Tribunal de Menores) por roubos por esticão, voltou a ser detido pela polícia pelo mesmo crime. (…) Fonte: CM.


  GNR apanha ilegais:

A GNR deteve ontem (12-02-2012) em Pêro Pinheiro; Sintra, seis homens (estrangeiros) entre os 30 e 40 anos, por posse de elevadas quantidades de droga. Quatro dos detidos estão ilegais e com ordem de expulsão. Fonte: CM.

Devo acrescentar, que um estudo recente feito pela EMPC, Equipa Mista de Prevenção Criminal do Sistema de Segurança Interna, concluiu que os estrangeiros estão em maioria nos assaltos; roubos e furtos em ourivesarias e casas de penhores, em mais de metade das ocorrências registadas. É preciso dizer mais?

Fogo destrói cinco carros no centro de Massamá; Sintra:

Um incêndio de origem desconhecida destruiu ontem à noite (23-02-2012) cinco carros no centro de Massamá, no concelho de Sintra. As viaturas estavam todas estacionadas em frente a uma zona comercial. O caso vai agora ser investigado pela Polícia Judiciária." Fonte: SIC




Fica-se com a ideia, que os cidadãos honestos e pagantes de impostos é que são os criminosos autênticos! Os des/governos através do Ministério da Administração Interna, criam mal-estar nas Forças de Segurança, castigando-os com más condições de trabalho; de carreira e de remuneração, ao mesmo tempo que produz leis favoráveis a todo o tipo de criminosos!

Por outro lado, o actual sistema prisional e de reclusão é uma nódoa insultuosa, porque além de não penitenciar exemplarmente, também não reeduca ninguém. Vai-se assistindo à ordem recente do governo que manda encerrar Tribunais pelo país fora, para diminuir a despesa e o acesso da população a um sistema de justiça, já de si, fraco; ineficaz e várias vezes parcial nas suas decisões, consoante as posses e a influência de certos arguidos.

Mais uma vez se chama a atenção que o modelo actual da Polícia Municipal, que é apenas administrativa e não tem qualquer poder criminal, como a PSP, Polícia de Segurança Pública (até dá vontade de rir, se não fosse grave: segurança pública?) Onde está?


Portanto é da maior importância, segundo proposta Nacionalista, a criação de uma Divisão de Segurança; Protecção Civil e Bombeiros, DSPCB, na Câmara Municipal de Sintra, por forma, a concentrar e coordenar a segurança municipal, com a Polícia Municipal em estreita colaboração com a GNR; PSP, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, COPCJ e outros organismos afins, mas uma Divisão que trabalhe a tempo inteiro e que apresente resultados, que não se limite apenas a existir e que efectue serviço.

Soluções há, mas não há é quem se queira incomodar. Por isso não nos devemos admirar, mais tarde ou mais cedo, com o vazio da lei e da ordem, o aumento do crime generalizado a qualquer hora do dia ou da noite, alguns cidadãos se vejam forçados, por ausência das autoridades, a recriarem Milícias Populares de Segurança, para as localidades mais inseguras do nosso município e façam justiça pelas suas próprias mãos, mas uma justiça que não será regulada pela Jurisprudência, como seria desejável, mas pela necessidade imperativa da sobrevivência do Bem, sobre o mal.


Sequestro de pessoas; fogo posto; roubos diários; assaltos em comboios; estrangeiros ilegais e a roubar; sexo na via pública como os animais; criminosos reincidentes, etc. É este o quadro social de insegurança que não pára de aumentar! Os responsáveis fingem que não vêm, mas a população em geral e as vítimas em particular, vão vendo…

 Fontes: correio da manhã; jornal de notícias e polícia de segurança pública, adaptadas pelo autor. 

 

Viva Sintra! Alerta! Alerta estamos!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A gravidade da violência nas escolas sintrenses e as suas conclusões imediatas.

 
Foi recentemente efectuado um estudo, sobre a violência nas escolas do município de Sintra, através de um observatório, o Observatório de Segurança Escolar, OSE, e qual é a conclusão? É esta: “é preciso intervir e quanto mais rápido melhor nos casos de indisciplina grave ou violência escolar”. Mais: é necessário clarificar e explicar as regras de conduta, assim como, a proporcionalidade da justiça na aplicação prática das sanções e em cujo processo devem ser envolvidos os vários níveis hierárquicos das escolas. (Será que é preciso existir um observatório para termos esta análise? Pelos vistos é…).

Este estudo incidiu em sete escolas do 2º e do 3º Ciclo do Ensino Básico, em várias localidades do Concelho. A identidade desses estabelecimentos escolares é secreta, porque segundo o Sr. Coordenador João Sebastião, sociólogo do OSE: “não traria nada de útil”… Sintra foi escolhida para ser objecto de estudo, devido aos graves antecedentes de violência escolar. 


Para se ter uma ideia, de 2008 a 2010, esta terra liderou a nível nacional com a seguinte proporção: 456 casos de indisciplina grave e 281 casos de violência escolar registados (desconfio que haverá vários por registar e que por isso mesmo não são contabilizados). O chamado “bulliyng” como está na moda dizer-se, agravando ainda mais o estado da Língua Portuguesa…

Bulliyng  é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objectivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O bullying divide-se em duas categorias: a) bullying directo, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indirecto, sendo esta a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o agressor em razão das ameaças ou mesmo da concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.


Conforme se vê, foram razões suficientes para o Observatório de Segurança Escolar se debruçar em Sintra e proceder a uma análise entre o contexto social e a organização escolar, locais. Além do exposto em cima, também se chegou às conclusões que se seguem: 

a) Excessiva dependência do Ministério da Educação (só se for nesta matéria, porque sabemos que todas as escolas têm cada vez mais autonomia.); 

b) Um certo isolamento da escola ao exterior (pergunto: como funcionaria a escola, sem estar resguardada do exterior?! Pior! Muito pior); 

c) Dificuldades na mobilização dos pais e dos parceiros locais em algumas escolas, assim como, o acompanhamento dos alunos nos tempos livres fora da escola, onde várias crianças são praticamente abandonadas na rua ou deixadas longas horas sós em casa (neste sistema social igualitário em que ambos os pais trabalham fora de casa 8 ou mais horas diárias e mesmo assim, não conseguem obter rendimento suficiente para sustentar a Família, como podem dar o apoio legítimo e necessário aos seus filhos? Não podem, excepto se se corrigisse o modelo actual antinatural, para um modelo de acordo com a utilidade social e a própria natureza entre sexos diferentes e por isso mesmo, complementares).

Por outro lado, também se concluiu que os Srs. Professores não denunciam os casos a quem de direito, e além disso, colocam os alunos indisciplinados fora das salas de aula e que as escolas em Sintra estão sobrelotadas e degradadas, porque a população em idade escolar não pára de aumentar! 

 
Ora bem. Qual é a função de um professor? Ensinar a matéria de estudo aos alunos e assegurar-se que eles obtêm o conhecimento que lhes é transmitido, o que já não é pouco, se for encarado com eficiência e sentido de responsabilidade e é claro, que isso inclui a denúncia de várias situações comportamentais dos seus alunos, incluindo a indisciplina e a violência, mas não cabe ao Professor Educar, nem efectuar trabalho de secretariado administrativo da instituição escolar em que trabalha, embora o possa fazer esporadicamente, essa não é a sua função principal e essencial, que é: ensinar bem.

As questões da Educação deveriam estar reservadas a outros profissionais das escolas, os Educadores. Estes funcionários escolares, que não existem, dedicar-se-íam (noutro Sistema Educativo que não esta paródia nacional apoiada pelos grandes incompetentes deste país, coadjuvados pelos partidos deste sistema laxista e corrupto), à Educação de Condutas; de Princípios e de Valores, uma vez que os pais, muitos já os esqueceram e nem sequer têm tempo livre para educar os seus filhos, como se sabe. 

 
Quanto ao aumento de crianças em idade escolar, a conclusão a que se chega, mas que foi abafada devido aos interesses dos partidos do costume, que não são os do País ou Município, nem da sua População é que são os filhos dos muitos estrangeiros que por cá fazem a sua vida, que enchem as nossas escolas e que criam algumas vezes, mau ambiente social impondo os seus maus hábitos e costumes, visto que os Portugueses têm cada vez menos filhos ao ponto de termos uma taxa de natalidade negativa e das mais baixas da Europa! Já nem é suficiente para nos mantermos nos tais 10 milhões. Mas é claro que esta conclusão não foi tida nem achada pelo tal observatório OSE! Claro! Não lhes convém…

É também evidente, que o estado de salubridade do parque escolar em Sintra não é dos melhores, mas a grande responsabilidade disso é do Ministério da Educação (educação? Qual?) e da Câmara Municipal, que não se incomodou e aceitou tutelar escolas sem ter verbas pré-definidas e correspondentes a tal tarefa, responsabilidade e encargo onde existem várias escolas degradadas.


Sabemos que é possível fazer mais e melhor, gastando menos, mas de forma mais eficiente, com soluções e correcções políticas, mas também se sabe, que os partidos que têm ocupado a administração sintrense, não têm sabido e/ou querido valer, nos mais variados problemas que afectam a nossa população...

Muito mais havia a reflectir sobre esta temática. Para terminar refiro dois exemplos de escolas públicas: o exemplo estético de uniforme civil no Canadá, na Estate School of Richmond Hill, desde 1895. Em Portugal, o exemplo educativo e estético militar do IPE, Instituto dos Pupilos do Exército, desde 1912:


 Viva Sintra! Rumo ao Nacionalismo Renovador!

Fontes: jornal da região sintra e wikipedia, adaptados pelo autor deste blogue.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Memória histórico-descritiva: Sintra e a sua serra.


Sintra e a sua Serra, vivenciada desde as mais remotas idades, foi-se alentando em sucessivas manifestações estética e artísticas que, potenciadas por benfazejo clima, incentivaram a construção de uma paisagem paradigmática na geografia mundial.

Sintra, onde as exuberâncias naturais e as arquitecturas se fundem, por vezes, em extravagantes ensaios e experimentalismos emoldados de mil verdes, granjeou singular atemporalidade na unicidade de um cenário que soube encontrar eco em diferenciadas conjunturas e sensibilidades que a classificação da UNESCO, como Património Mundial/Paisagem Cultural, em boa hora, cristalizou. Razão esta que ecoa também nas características inusitadas de uma natureza feliz e da orografia da própria Serra, com os seus cumes agudos coroados de dantescas e doiradas fragas, os seus fundos abruptos entelhados de generosa vegetação, sustentada por frescas e salutíferas águas e temperada por húmido frescor que se alonga às férteis várzeas circundantes e que, desde tempos imemoriais, tem exorado a presença humana. Razões pelas quais mitificaram, nesta finis terra do Mundo Antigo, as éguas fecundadas por Zephyrus que pariam potros mais velozes do que o vento e calcorreavam, em desenfreados galopes, o Mons Sacer de Varrão. 

Columela apelidou a Serra, sobranceira ao promontório agreste de Ophiussa, de Mons Lunae, mas os mais ancestrais testemunhos de ocupação humana - enquanto habitat e espaço sacralizado - remontam a épocas pré-históricas, das quais se destacam o sítio do Neolítico Antigo do Castelo dos Mouros, onde foram recolhidos abundantes artefactos; o monumento funerário da Bela Vista, datável do Calcolítico Final, que, aproveitando afloramentos rochosos existentes no próprio local, foi erigido sobre caos de blocos de granito e constitui-se de câmara circular precedida de corredor, comum, aliás, aos tholoi do mesmo período; bem como o tholos do Monge, outra sepultura colectiva com cobertura em falsa cúpula de cronologia mais recente, pois está balizada entre o Calcolítico e a Idade do Bronze e, arquitectonicamente, inscreve-se num universo meridional. Ou, ainda, o complexo sítio arqueológico da Penha Verde de prolongada e insistente ocupação que, iniciada no Epipaleolítico, se prolongou até à Idade do Bronze, em cerca de 1450 a.C, evidenciando-se, do período campaniforme, elementos caracterizadores das realidades específicas então observadas nos estuários do Tejo e do Sado. 


Também sob a actual Sintra foi detectado um habitat do IV e III milénios antes de Cristo, continuando os materiais do Neolítico Final e Calcolítico, exumados em activa intervenção da Câmara Municipal de Sintra em pleno Centro Histórico, a apontar para precoce e continuada mediterranização do território, pois, a partir de dada altura, a vizinhança de uma cidade portuária de provável fundação tartéssica, a velha Olisipo, que devido à sua privilegiada situação geográfica, constituiu importante escala entre o atlântico e o Mediterrâneo, assumindo-se como verdadeiro empório comercial e cultural. O seu cosmopolitismo prematuro deveu-se, em grande parte, às relações cada vez mais intensas com as civilizações do mar interior. 

Assim, do Bronze Final ou período Orientalizante, de novo voltado para a bacia mediterrânica, existe, subjacente ao Castelo dos Mouros, vasto povoado, enquanto que noutro cume da Serra, no Monte do Sereno, se identificaram depósitos coevos, um deles com artefactos votivos de pedra polida e outro com machado de talão e argola. Um pouco mais além, em Santa Eufémia da Serra, noutro coruto da montanha, surgem vestígios de um habitat fortificado da Idade do Ferro, no qual se fundem elementos caracteristicamente indígenas e outros de inequívoca origem meridional, sobretudo púnica; mais tarde, a partir do século II, o povoado foi romanizado, acabando o seu sítio cristianizado ao erigir-se ali, nas profundezas medievais, uma ermida devotada a Santa Eufémia da Serra, sacralizando-se, assim, as salutíferas e milagrosas águas das suas nascentes. E de horizonte mais vasto, com começo no Bronze Atlântico, datado do II e I milénios a.C., e prolongando-se pela Idade do Ferro adentro, destaca-se o sítio do Parque das Merendas, localizado no aro do actual Centro Histórico, enquanto que no Arraçário se descobriu uma cabrinha ex voto do Bronze Final.

Durante a romanidade, a região de Sintra integrou o territorium da civitas de Olisipo, à qual foi concedido - por César ou, como será mais provável, por Octaviano -, em cerca de 30 a.C., o estatuto de Municipium Civium Romanorum, circunscrição onde a romanização foi profunda e venturosa nos seus aspectos mais diferenciados, como sejam, os culturais, os sociais, os políticos e os económicos, verificando-se, inclusive, a adopção por parte dos seus habitantes, agora filiados na Tribu Galeria, de gentilícios romanos, com destaque para o nomen imperial Iulius. E, na própria Vila de Sintra, encontraram-se, pois, testemunhos que atestam a ocupação romana e tardo-romana do sítio, com cronologia balizada entre o século II a.C. e o século VI da Era, com especial incidência para o trecho de uma via (sob as actuais Rua da Ferraria, Calçada dos Clérigos e Calçada da Trindade) que faria a ligação do habitat romano aos agri e provável necrópole, porquanto subsiste, para além da referência no CIL II, 309 a uma inscrição funerária do século II - DIS . MANIBVS / L. LOREI . L. F. GAL / MAXIMI . ANN. XVI -, um fragmento de capeamento da mesma época. Os materiais tardios recolhidos revelam proveniência e/ou influência norte africana, nomeadamente os fragmentos de terra sigillata Clara D. Os indicadores arqueológicos, no entanto, parecem corroborar que o povoado sintrão terá sido preterido, na conjuntura visigótica, pelos agri e vicus de Chretina (actual Faião), onde se detectaram, inclusive, algumas epígrafes que terão pertencido a uma igreja do século VII.

Todos estes longuíssimos "pré-momentos" de Sintra ainda obscuros vão-nos, todavia, encaminhando paulatinamente até à definição dos contornos da Vila Património Mundial, cujas primeiras referências documentais explícitas - a Xintara árabe - datam já da época muçulmana que nos legou, também, altivo albacar que coroa o pico rochoso e agreste, sobranceiro à própria Vila (com primeiras referências documentais datadas já do século XI, mas possivelmente erigido em data anterior).


Sintra surge esplendorosa, na descrição do geógrafo Al-bacr (século X) - e que Almunime Alhimiari perpetuou -, como «uma das vilas que dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar. Está permanentemente mergulhada numa bruma que se não dissipa. O seu clima é são e os habitantes vivem longo tempo. Tem dois castelos que são de extrema solidez (...) é uma das regiões onde as maçãs são mais abundantes. Esses frutos atingem uma tal espessura que alguns chegam a ter quatro palmos de circunferência. Acontece o mesmo com as pêras. Na Serra de Sintra crescem violetas selvagens. Da costa vizinha extrai-se âmbar excelente».  

Outros textos coevos assinalam Sintra como principal centro urbano, logo a seguir a Al-Usbuna. A dimensão económica deste território assumiu proporções tais que, aquando da Reconquista, o cruzado Osberno, no texto que comummente lhe é atribuído, referiu-se-lhe como «o mais opulento centro comercial de toda a África e de uma grande parte da Europa» e espantou-se por ali existir «uma fonte puríssima, cujas águas, quem as bebe, dizem, abrandam a tosse e a tísica; por isso quando os naturais dali ouvem tossir alguém, logo depreendem que é um estranho».
Sintra foi durante a época islâmica - e à semelhança do sucedido em tempos anteriores - um dos principais pólos abastecedores da variegada Lisboa, tendo sido igualmente estratégico apoio defensivo da cidade e assim se compreende que, no prenúncio cristão, tenha sofrido ataques e efémeras conquistas, como a de Fernando Magno (870) e a de Ordonho III (949); e, já no século XII, foi atacada pelo conde D. Henrique, tendo, ainda, sofrido a violação normanda de Sigurd, o viking que, no Castelo de Sintra, massacrou todos os que recusaram a fé de Cristo. Afonso VI recebeu Sintra do rei de Badajoz, Motawakkil, em troca de protecção contra os almorávidas, mas a integração definitiva do território no então emergente reino de Portugal só ocorreu após a conquista de Lisboa, em Outubro de 1147, porquanto, isolado em território hostil, o Castelo de Sintra - e também os de Almada e Palmela - entregou-se sem luta. 

D. Afonso Henriques terá, no interior da cerca amuralhada, fundado a paroquial devotada a São Pedro de Canaferrim - pequenino templo românico do qual subsistem hoje vetustas ruínas - por alturas da outorga de carta de foral à Vila de Sintra, em 1154, abrangendo vasto termo. Aos trinta povoadores foram concedidas terras fora do território sintrão, facto, de per si, revelador da manutenção de uma ordem já anteriormente estabelecida, onde predominava o moçárabe, herdeiro de remota cultura, e cuja face visível poderá radicar em anciano substracto. Em Sintra, tal revelar-se-á na própria definição do topónimo cuja forma mais antiga conhecida - Suntria -, já medieval, aponta para o radical Indo-Europeu *Sun, "astro luminoso", "sol" e alembra-nos, entre outros, os vestígios de gravura rupestre que existiu no Magoito, onde figura antropormófica glorificava o sol poente que, em sucessivos círculos raiados, ia mergulhando nas frígidas águas atlânticas, no preciso instante que antecedia o breu nocturno. (E, decerto, ansiava o retorno da alvorada aquecida pela luz que ilumina e aconchega a vida).


Logo em 1157 o monarca doou à Ordem do Templo, através de Gualdim Pais, umas casas no Chão de Oliva e umas fazendas «apud Sintram» que sintomaticamente nos revelam os tempos conturbados que sucederam à tomada de Sintra, época em que também a população era constituída - para além dos moçárabes e dos agarenos que, mercê as vicissitudes da história, vieram a constituir importante comunidade de "mouros forros"radicada em Colares - por gentes das mais diversificadas proveniências, porquanto se conhecem antropónimos de origem goda, decerto reminiscências de cruzados que acompanharam Afonso I e que aqui se terão fixado ou daqueloutros que, oriundos do norte peninsular, aqui chegaram depois da Reconquista, miscigenando-se com as antigas populações autóctones portadoras de nomes de cariz moçarábico ou latino e os sefarditas que habitavam bairro próprio, o mellah, ou seja, a judiaria que, então, se localizava à saída da vila e possuía sinagoga, documentada até 1503. 

O continuado avanço para sul ditou o empobrecimento estratégico de Sintra e os cristãos depressa abandonaram a protecção do Castelo altaneiro e ter-se-ão fixado no Arrabalde (isto é, do genitivo Rabaldi, vila, "povoação de certo governo"), onde edificaram duas novas igrejas, a de São Miguel e a de Santa Maria - cuja necrópole esteve activa entre os séculos XIII e XVI - e, nas proximidades do Chão de Oliva, o templo dedicado a São Martinho, datando de 1253 o Treslado do Lemite, e demarcação das Igrejas da Villa de Cintra que delineou as quatro freguesias do concelho. 

Foi também no século XIII que o progresso dos tempos acabou por inaugurar, nesta terra de tradição tolerante, uma nova etapa coincidente, aliás, com o reinado de D. Dinis. De facto, o monarca que terá concedido foral a Colares, contratou com os "mouros forros" daquela vila, em 1281, o pagamento de um quarto das colheitas, sujeitando-os, ainda, à obrigação de zelarem pela conservação dos «mea palacia de Oliva», das almedinas velhas do Castelo de Sintra e dos eirados da torre. E, na verdade, foi, por essa altura, que D. Dinis promoveu a realização de trabalhos de beneficiação e ampliação da alcáçova moura - a qual, por sua vez, assentava já sobre povoado proto-histórico romanizado -, dando início ao debuxo que veio a determinar a magnífica e extravagante arquitectura do Palácio real, incluindo a construção da capela gótica dedicada ao Divino Espírito Santo - e que, na era de quatrocentos, veio a receber retábulo-mor de Nuno Gonçalves - que a devota rainha Isabel, senhora de Sintra desde 1287, animou com bodos aos pobres para glória da Santíssima Trindade.
Sintra assentou-se e cresceu, então, sob amparo do Palácio que, aos poucos, se foi tornando num dos superiores centros de vilegiatura da realeza. E não fora o mortífero surto de peste negra, em 1348, o terramoto de 1356 e o facto do seu concelho ter sido truncado, em 1364, com a desanexação de Cascais, por vontade de D. Pedro I, todo este processo teria decorrido sem sobressaltos maiores, até ao dia em que o conde Henrique Manuel de Vilhena, que D. João fizera senhor de Sintra - interrompendo, assim, a tradição de doar a vila ao senhorio das rainhas - tomou o partido castelhano, conforme nos relata Fernão Lopes: D. João «foi aver os logares darredor da çidade, que por Castella tiinham voz; e teve fala com alguus de Sintra, omde estava o Comde dom Hemrrique Manuell por fromteiro, que som çimquo legoas da çidade, que lhe dessem o castello daquel logar, que he huua gramde fortelleza, em huu alto e fragoso monte, e a villa ao pee delle, sem nenhuua çerca que a deffender possa».


Rendido o seu Castelo, Sintra retornou então à posse da coroa e D. João I, enamorado pelo sítio, patrocinou, por volta de 1400, a construção nos arredores da vila o Convento da Santíssima Trindade para albergue da comunidade anacoreta que, respondendo aos apelos da mística Serra, se tinha instalado nas suas fragosas faldas. D. João I promoveu também longas obras de ampliação do Paço real, acrescentando, sob orientação de mestre João Garcia de Toledo, o mudejarizante corpo central, e não «há dúvida que (...) esteve presente o elemento mouro, não porém de forma livre e natural, mas sim como voluntário exotismo dos monarcas» e de uma tradição construtiva moirisca. Foi igualmente naquela época que se erigiu o par de pantagruélicas chaminés cónicas que evocam descomunal gula, própria de reis, e que, ao contrário do que têm afirmado as correntes historiográficas tradicionais, não radicam numa origem muçulmana, mas, antes pelo contrário, filiam-se em modelos medievais europeus.

Estadiando aqui largas temporadas, D. João fundiu os destinos de Sintra com os da gesta nacional ao receber no seu Paço frei Álvaro Camelo e o capitão-mor da frota, Afonso Furtado, que «sob o aparente disfarce de certa embaixada À Sicília, que à ida e à volta aportassem à dita cidade, e observassem com meticulosa e dissimulada atenção as condições de mar e de terra». Assim, conhecidas as fragilidades agarenas recriadas pelos espiões com feijões e cordas, pôde o monarca deliberar o ataque ao burgo norte africano, empresa de sucesso que, em 1415, marcou o início da expansão portuguesa. Foi igualmente por esta altura e por todo o século XV adentro que, consolidada em definitivo a nação e definida uma estratégia ultramarina, a corte, cada vez mais rica e anafada, foi perdendo o cariz bélico que a caracterizara e assumiu uma essência cortesã que refulgiu, com todo o seu esplendor, em Sintra: «No século XV a corte instala-se em Sintra. Nada de novo é certo. Insidiosa e viva, a tendência vinha já de outrora, afirmada nas cavalgadas cinegéticas de Afonso IV, por exemplo. Mas era uma tendência descontínua, ainda não dominante. (...) na centúria de quatrocentos, tudo parece afirmar-se com outro vigor». 

D. Duarte reteve o enamoramento de seu pai pela região, a quem sucedeu em 1433, tendo escrito a propósito: «vimos a esta vila de Sintra muitas vezes ter alguns verões. E assim cremos que o farão os reis que depois de nós vierem, por acharmos a terra de muito bons ares e águas e de comarcas em que há grande abundância de mantimentos de mar e de terra, e por a nossa muito nobre e Leal cidade de Lisboa estar tão próxima, e por termos em Sintra muita folgança e desenfadamento de montes e de caças. E por termos nela nobres paços de mui espaçadas vistas», cujas obras se prolongaram século adentro, culminando apenas no grandiloquente aparato manuelino. Foi, também, no termo de Sintra que D. Duarte fez mercê ao seu físico-mor, mestre Henriques, de uma propriedade que, este, sem herdeiros, legou à Ordem do Carmo. Depois da morte do médico, ocorrida em 1449, o provincial carmelita obteve de D. Isabel, senhora de Sintra, a posse da propriedade e encarregou frei Constantino Pereira, sobrinho do condestável, de ali erigir um cenóbio, o qual acabou, por a terra ser inóspita, «só propria de paõ, e de gados, como pela falta de visinhos» e desabrigada da fúria dos ventos, por ser transferido para ameno vale na Serra. Nesta propriedade, adjacente à ermida de Nossa Senhora de Milides - sítio onde se pôs a descoberto um campo de silos alto-medieval e importante necrópole da antiga Cella de Colares, com sepulturas escavadas na rocha - pôde-se, finalmente, erigir, por volta de 1450, o Convento de Santa Ana do Carmo que, no segundo quartel de seiscentos, o bispo D. Dinis de Melo e Castro reformou.


D. Afonso V nasceu no Palácio sintrense, em 1432, onde muitas vezes se fixou a corte e lançou o destino da conquista e descoberta africanas. Na epopeia participaram alguns sintrenses, nomeadamente, Gonçalo de Sintra, que explorou o Rio do Ouro e foi morto na angra que hoje leva o seu nome, Soeiro da Costa e Pedro de Sintra que exploraram a costa ocidental de África, do Rio Grande ao Cabo Mesurado, tendo sido, este último, capitão da armada que fundou a fortaleza de São Jorge da Mina, em 1481. E, ainda, Diogo Gomes, outro navegador que desconhecendo-se a sua naturalidade, se manteve arreigado a Sintra, onde adquiriu umas terras que constituíram a génese da Quinta do Ramalhão e desempenhou as funções de «almoxarife d-el rei», até cerca de 1480.

Cada vez mais à sombra do Palácio, a Vila - bafejada pelos numerosos privilégios e isenções que a coroa lhe ia concedendo - aperaltou-se em luxo desusado, como seja por volta de 1460, a construção em frente ao alpendre do mercado, nas imediações da Igreja de São Martinho, e entalada entre a casa da vereação e a cadeia comarcã, de imponente relógio de torre que, nas palavras de Sérgio Luís de Carvalho, era «mais um fetiche, um luxo urbano, que um instrumento útil para aqueles rústicos que mediam o fulgor dos seus dias e o silêncio das suas noites pelo sol e pela lua; e o passar dos meses pelas estações e feriados santos».

Em 1481, Afonso V, morreu no Palácio que o vira nascer. D. João II foi ali mesmo aclamado rei de Portugal, justificando-se, uma vez mais, a crescente importância de Sintra nos itinerários régios. A dinâmica do tecido social sintrense era, por isso e pela abundância da produtividade do seu termo, animada e, deste modo, se entenderá que, em 1493, a antiga paroquial de Canaferrim estivesse completamente abandonada. Facto que poderá, de algum modo, ter sido coincidente com o ermamento do Castelo, cuja população se fora fixando nas faldas da Serra, constituindo o bairro sintrão de São Pedro de Penaferrim - onde existe uma igreja devotada ao Guardião do Céu, na qual são ainda visíveis alguns vestígios góticos - de, onde, em finais de quatrocentos, D. Leonor reformou a Gafaria do Espírito Santo, associada à medieva instituição de assistência hospitalar, mandando construir uma ermida dos gafos dedicada a São Lázaro que ostenta, nas chaves da abóbada de cruzaria da ousia, as divisas de D. João II (Pelicano) e da rainha (Camaroeiro). E, também neste contexto, o antigo Arrabalde foi-se esmorecendo, transmudando-se em fácil e privilegiado meio - seguindo o percurso da antiga estrada romana, ainda hoje fossilizado na planimetria urbana de Sintra - de galgar a encosta do Paço/centro da Vila até ao seu bairro periférico de São Pedro de Penaferrim.

Na transição do século, reinando já D. Manuel que se empenhou na sua ampliação, o Paço ganhou um prospecto muito próximo do actual, conforme se pode ver nas gravuras de Duarte d-Armas. Assim, entre 1507 e 1510, trabalharam nas obras doze carpinteiros, dezanove pedreiros, sete serradores, quatro pintores, vinte e quatro braceiros, quatro ferreiros, um chumbeiro e quatro cabouqueiros, para além dos escravos e administrativos olvidados no rol de André Gonçalves. O rei Manuel empenhou-se igualmente em enfeitar a Vila - e o seu termo - com inusitado fausto, promovendo a realização de outras obras magnânimas, como a construção no alto da Serra de um Mosteiro, em 1511, que substituiu a pequenina ermida que assinalava o local do aparecimento da Virgem da Pena - e onde, segundo a tradição, o monarca vislumbrou a chegada a armada de Vasco da Gama vinda da Índia - que entregou à Ordem Jerónima, bem como procedeu, em 1517, à renovação do medievo Mosteiro da Penha Longa, construído em ameno vale na aba sul da Serra. E, possivelmente no âmbito da outorga de novo foral, em 1514, erigiu-se no centro da Vila elegante pelourinho - demolido nos meados do século XIX, subsistindo actualmente réplica da autoria de Manuel da Fonseca. 


Ter-se-á também construído, à entrada do burgo, a desaparecida ermida dedicada a São Sebastião, invocado contra a peste e santo de devoção régia, cuja administração foi entregue à Câmara e, ainda em setecentos, «no dia do Sancto vai a esta Hermida huma Procissaô geral com o Clero, e o povo, acompanhando o Sennado da Camera da dita Villa, que sahe da freguezia de S. Martinho, cujo Parrocho Leva debaixo do paleo huma reliquia do Mesmo Sancto». Enquanto que a Igreja de São Martinho foi alvo de ostensiva remodelação arquitectónica de gramática manuelina, como se veio, aliás, a descobrir em restauro tardo-novecentista. Esta reforma de grande aparato foi complementada pela imposição de atilada decoração de que se conhece, hoje, apenas três tábuas do antigo retábulo produzido pelos mestres de Ferreirim e que Reis Santos datou entre 1531 e 1537. E, no seguimento do hábito régio de conceder benefícios a esta Vila, D. Catarina fundou, em 1545, a Misericórdia de Sintra e todos os bens do antigo Hospital e Gafaria de Todos os Santos passaram a ser administrados pela irmandade, tendo Cristóvão Vaz pintado, em 1581, um retábulo, de boa máquina maneirista, para a Igreja - e que se encontra, desde cerca de 1700 na sua congénere de Colares - e nos anos seguintes, os painéis colaterais do mesmo templo. 

Sintra era já, por esta altura, uma vila opulenta - que contava, em 1527, com «198 vizinhos no corpo da Vila, dos quaes sam 6 cavalleiro e 22 escudeiros e 25 clerigos e 46 viuvas, e o mais he povo» -, não só pela amiudada presença do rei, mas também pela fixação de toda uma aristocracia que orbitava na corte. Poder-se-á integrar nesse contexto a edificação por volta de 1534 do Paço dos Ribafrias, em pleno Centro Histórico, por Gaspar Gonçalves, um cortesão que foi subindo na hierarquia palaciana e que D. João III nobilitou, outorgando-lhe o título de senhor de Ribafria, e que, em 1569, foi designado alcaide-mor, cargo desempenhado por várias gerações da família; ou, já à saída do burgo, a Quinta dos Pisões que conserva ainda imponente loggia renascentista e cuja história está ligada à conjura que atentou contra D. José, em 1758. Outros nobres preferiram construir as suas villas nos arredores de Sintra, tal como fez o irmão de Gaspar Gonçalves, ao erguer a Torre dos Ribafrias (Cabriz), ou Cosimo Alffaitati que, por volta de 1540, construiu no sopé da Serra, junto à Ribeira de Colares, palácio renascentista de que subsistem vetustas ruínas. Mas, a Quinta da Penha Verde constitui, sem dúvida, emblema maior do renascimento sintrão - inaugurando o áulico povoamento da falda norte da Serra que se assumiu, já no século XIX, como paradigma romântico. 

De Facto, D. João de Castro foi singular na sua obra e, em 1543, criou «um conjunto único onde a paisagem domina a arquitectura (...) e onde jardins, percursos e parques formam um percurso cheio de descobertas e de vistas sobre o Atlântico», pejado de objectos exóticos que o vice-rei trouxe de outras paragens. E, dando cumprimento aos desejos do infante D. Luís que o exortou a «encher estes picos da Serra de Sintra de ermidas e de vossas vitórias, e que os visiteis e logreis com muito descanso», edificou vitruviana capela dedicada a Nossa Senhora do Monte, tendo-se mais tarde acrescido outras ermidinhas, uma devotada a São João e outra a Santa Catarina, padroeira dos Castro. Ainda na segunda metade de quinhentos e, mais além, os Castro ergueram uma capela dedicada a Nossa Senhora da Piedade que, em data indeterminada, integrou os bens da Casa de Cadaval, tendo sido restaurada em 1721, por D. Jaime, que introduziu o revestimento azulejar da capela-mor e lambril da nave, atribuído, por Santos Simões, a António de Oliveira Bernardes.

Neste cenário renascentista, acentuou-se o gosto humanista pelas artes, pelas letras e pelas ciências, tornando-se Sintra verdadeiro pólo cultural e mundano, onde, durante três longos e trabalhosos anos (1529-1532), Nicolau de Chanterenne esculpiu o alabastrino retábulo da igreja do Mosteiro da Pena, em cumprimento de sentida promessa de D. João III e de D. Catarina pelo nascimento do príncipe. Enquanto que na corte iam estadiando Gil Vicente, Pedro Nunes, Pedro Sanches, Ayres Barbosa, João de Barros, Damião de Góis e, da academia da infanta D. Maria, Paula Vicente, Joana Vaz, Leonor Coutinho, Leonor de Noronha e a toletana Luísa Sigeia, apelidada de «sol glorioso do humanismo português» e autora do poema Syntra. Frequentaram também este cenáculo Francisco de Holanda - que, por causa, do espírito chão de natureza tridentina vivido na corte do cardeal-rei e que era, aliás, avesso à arte e à tratadística neoplatónica, acabou por se refugiar na sua quinta, longe do bulício cortesão - e Luís de Camões que, segundo a tradição, evocou as grandezas pátrias ao ler ao jovem rei Sebastião Os Lusíadas, no Paço de Sintra. 


Foi já no âmbito do ciclo do maneirismo de ideologia contra-reformista, do qual se destaca o Pentecostes de Diogo Teixeira, pintado entre 1589 e 1590, que, anos antes, no mesmo Paço, D. Sebastião tomou, na perseguição de um sonho feito de fé e loucura, a trágica decisão que conduziu ao desaire de Alcácer Quibir e à morte nas areias cálidas do deserto do "rei-menino". No outono de 1581 - um ano após a integração de Portugal no império Habsburgo - Filipe II esteve em Sintra. Passeou então na Serra à sombra de frondosos bosques, escutou o gorgolejar das fontes, e deleitou-se em magníficos recantos no gozo de diversificadas delícias panorâmicas. Visitou quintas, igrejas e mosteiros e impressionou-se no conventinho capucho que D. Álvaro de Castro fizera erguer por entre sombrios penedos da Serra, cumprindo uma promessa do devoto João de Castro, em 1560. De facto o Convento de Santa Cruz dos Capuchos formula - na sua modesta arquitectura e vivência contemplativa no limiar da pobreza - uma inscrição nos princípios rigoristas do pietismo cristão do século XVI, alimentado pela rainha D. Catarina e pelo seu neto que escolhera o cenóbio como refúgio místico.

Pela ausência da corte que se desenfadava em Sintra, a Vila conheceu longo e desencantado torpor, apenas quebrado por um ou outro retiro fidalgo que sem brilho animava pequenas cortes de aldeia, como nos conta Rodrigues Lobo, «retirados os títulos pelas vilas e lugares do Reino e os fidalgos e cortesãos por suas quintas e casais, vieram a fazer Corte nas Aldeias, renovando as saudades do passado com lembranças devidas àquela dourada idade dos portugueses». Este desencantado abandono acentuou-se após a Restauração de 1640, pois, a realeza, cada vez mais na capital, encontrara outros locais de veraneio mais de acordo as modas e gostos da época. Por isso, Sintra, ao longo de seiscentos recebeu, apenas, as visitas de D. Luísa de Gusmão e de D. João IV, respectivamente em 1652 e 1654. E, em vinte anos depois, o Paço transformou-se no cárcere do desvalido Afonso VI. Na centúria seguinte, manteve-se o mesmo esquecimento, pois, D. João V entreteve-se com a edificação do Palácio-convento de Mafra e, depois de 1747, D. Pedro gozou a construção do rococó Palácio de Queluz. 

No dia de Todos-os-Santos de 1755 a terra tremeu logo pela manhã e sob a violência do terramoto grande parte da Vila de Sintra desmoronou-se, conforme nos esclarecem as Memórias Paroquiais de 1757: a Igreja Matriz de São Martinho «se arruinou de forma que apenas ficou algumas paredes, mas estas incapazes de poderem servir (...). Ficou esta Villa a mayor parte aruinada, mas ja se acha com m.tos edificios redeficados. Na mesma praça se acha a caza da mizericordia que exprimentou a mesma ruina que a freguezia, mas esta se acha ja quazi coberta», o Paço real sofreu também bastante ruína, assim como o Castelo dos Mouros e o Mosteiro de Nossa Senhora da Pena. A Paroquial de São Miguel conservou, apenas, a ousia, a de Santa Maria perdeu parte da nave e a de São Pedro de Penaferrim registou estragos mais modestos. Os trabalhos de reconstrução sucederam-se a bom ritmo como se infere da leitura do inquérito pombalino, ainda que as obras de São Martinho só tenham terminado em 1773, com a pintura de cariz vegetalista e geometrizante dos tectos da nave e da capela-mor, por Joaquim José da Rocha - artista que se responsabilizara já, entre 1760-1762, pelo revestimento pictórico da Igreja da Misericórdia - e que as de São Miguel ao não terem prosseguido acabaram por ditar, em 1860, a extinção da paróquia, cujo termo foi integrado na vizinha freguesia que se passou a designar de Santa Maria e de São Miguel.

A magia de Sintra, no entanto, só seria redescoberta no terceiro quartel do século XVIII, quando readquiriu os pergaminhos de outrora. O clima e o exotismo das suas paisagens garantiram-lhe destacado lugar no Tour pré-romântico (foi visitada, entre outros, por Murphy, Link, Ruders, Bradford, Byron e Southey que deixaram expresso, em notáveis relatos, o seu encantamento pelo lugar). Renovaram-se, pois, os apelos da mística Serra e para este sucesso terão contribuído Gerard Devisme - que construiu, em Monserrate, singular palacete neogótico, cujo projecto foi atribuído a Elsden -, o cônsul da Holanda, Daniel Gildemeester - que constituiu a Quinta da Alegria, em 1783 -, e a abertura do Hotel Lawrence, em 1786, uma das primeiras hospedarias da Europa. Ao longo de oitocentos, foram-se instalando novos hotéis na Vila com destaque para o Netto, o Costa e o Victor, este magistralmente descrito nas páginas queirosianas. 


Refira-se, por outro lado, que William Beckford estadiou em Sintra, acomodando-se, primeiro, na casa do marquês de Marialva (1787) e, depois, na Quinta do Ramalhão que redecorou a seu gosto, criando ambientes exóticos, enquanto que, na segunda visita (1794), arrendou a propriedade de Monserrate, onde realizou avultadas obras, sobretudo nos jardins. Também, em 1787, Gildemeester inaugurou o Palácio de Seteais, em magnificente festa descrita por Beckford, mas o edifício foi adquirido, logo em 1800, pelo 5.º marquês de Marialva que lhe acrescentou novo corpo simétrico que, anos depois, uniu através de grandioso arco comemorativo da visita do príncipe regente D. João, segundo projecto de Costa e Silva. 

O movimento romântico que então se esboçava foi preponderante e Carlota Joaquina comprou, em 1794, a Quinta do Ramalhão ensaiando, assim, tímido retorno cortesão a Sintra e à sua Serra. Retorno que, interrompido pelos conturbados tempos de domínio francês e, depois, pela Guerra Civil, apenas se tornou efectivo após a vitória liberal. Assim, logo em 1834, o ano da extinção das ordens religiosas, o marechal-duque de Saldanha realizou trabalhos de folgo na sua propriedade sintrã, transmudando a casa ali existente em edifício neomedieval, ao qual acrescentou um pórtico manuelino proveniente do desactivado cenóbio da Penha Longa, reconhecendo, implicitamente, a existência de uma arte nacional. Em 1838, D. Fernando II adquiriu, por 700 000 reis o abandonado e semi-derruído Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, incluindo a cerca, as terras de semeadura e a mata. No ano seguinte, o rei-consorte entregou o projecto do edifício a construir no alto da Serra ao barão Eschewege, tendo decorrido as obras do Palácio da Pena entre 1840 e 1849 e do respectivo parque botânico, delineado pelo monarca, desde 1846, tendo-se para o efeito plantado árvores provenientes das quatro partidas do mundo. O novel edifício assumiu-se como a verdadeira jóia da arquitectura do Romantismo - «o castelo do Santo Graal» visionado por Strauss -, constituindo, no âmbito da História da Arte, uma experiência irrepetível, e que, também de algum modo, exorou a arte nacional ao incorporar no Palácio elementos artísticos dos inícios de quinhentos e outros de tradição neomanuelina. Em 1869, ano em que D. Fernando II casou com a condessa d-Edla, erigiu-se, em pleno Parque a Pena, um chalé. Desenhado pela própria condessa, o singular edifício inaugurou a "moda" dos chalés, de que o tardo-oitocentista Chalé Biester (c. 1886-1890), projectado por Luigi Manini, constitui um bom exemplo.

A circunstância histórica e arquitectónica ditou para a Sintra e para a sua Serra uma individualidade única que não se esgotou no régio Palácio da Pena. Mas que, antes pelo contrário, terá oscilado entre a teoria e a assunção da paisagem romântica, formalizando-se em arquétipos que desembocaram no vasto conjunto da arquitectura revivalista e que, aqui, entrou bem pelo século XX adentro. Assim se justificará a unicidade do pavilhão da Quinta do Relógio - edificado por volta de 1850, segundo traço de António Tomás da Fonseca - ao assumir-se como primeiro edifício inteiramente neo-árabe, incluindo a legenda dos reis mouros de Granada. E o seu parque botânico foi, depois da Pena, um dos primeiros lugares de diálogo entre a arquitectura e o entendimento romântico da paisagem, merecendo, inclusive, a admiração de Southey: «há aqui uma árvore tão grande e tão velha que um pintor devia vir de Inglaterra só para a ver. Os troncos e os ramos são cobertos de fetos, formando com a folhagem escura da árvore o mais pitoresco contraste». Foi igualmente por esta época que Carlos Sasseti erigiu, na Quinta da Amizade, cenográfica mansão que evoca o estilo florentino quatrocentista. 


Entretanto, sir Francis Cook, que adquirira a Quinta de Monserrate, encarregou Knowles de desenhar o novo edifício, conservando-se, todavia, a planimetria do arruinado castelinho neogótico de Devisme. O pavilhão oitocentista afirma-se na demanda do paradigma romântico e assume uma estética orientalizante, constituindo, com os seus frondosos jardins projectados por Burt (e, depois de 1887, por Oates), o «mais rico exemplo das possibilidades cenográficas da casa de campo de Sintra». Enquanto que, em 1892, António Augusto de Carvalho Monteiro, o célebre "Monteiro dos Milhões", comprou a quinta dos barões da Regaleira, onde, entre 1904 e 1911, procedeu à construção do neomanuelino palacete da Regaleira, segundo esquiço de Luigi Manini, tendo o cenógrafo italiano projectado também, como cenário fantasioso, o parque, com os seus pavilhões, lagos, grutas e "poços iniciáticos", ombreados de generosa e exótica floresta. E, de facto, a Regaleira, pela grandiosidade da sua construção tem-se assumido, a nível nacional, como uma das culminâncias da arquitectura revivalista. 

Entretanto, na vila sintrense - entalada entre a abrupta encosta do Castelo altaneiro e as profundezas do vale do Arraçário -, o espaço esgotou-se no devir histórico e ditou o seu alargamento para fora do perímetro tradicional. Na verdade, foi com a construção da linha de caminho de ferro, no terceiro quartel oitocentista, que se começou a esboçar - com a edificação das casas dos engenheiros ferroviários, na "Correnteza" - o novo bairro da Estefânea, assim baptizado em homenagem à rainha casada com D. Pedro V. Em 1887, com a inauguração do combóio que substituiu o pesado e pouco fiável larmanjat na ligação a Lisboa, foi possível, no contexto regenerador de fin de siècle, propulsionar o crescimento de Sintra num outro espaço. A moderna Estefânea com as ruas largas e a pinturesca estação que recebia, uma após outra, as possantes máquinas a vapor, depressa se transformou num pólo burguês e progressista, contrastando com a silenciosa pacatez do antigo burgo que, aos poucos, foi ganhando foros de Vila Velha. 

Será, pois, neste contexto de mudança onde se gerou novo centro vivêncial que a viragem do século trouxe a ligação de eléctrico à Praia das Maçãs, por Colares, a electrificação de Sintra e o próprio poder local sentiu necessidade em acompanhar o ritmo dos tempos. Assim, a Câmara, presidida por Vergílio Horta, deliberou abandonar a casa da vereação que ocupava desde finais de setecentos, à entrada da Vila (actual Museu do Brinquedo), e instalar-se em local mais esperançoso. 

O novo edifício dos Paços do Concelho (com construção iniciada em 1905), projectado por Adães Bermudes e que ostenta também um fácies revivalista com predominância para o neomanuelino, foi construído a meio caminho entre a Vila Velha e a Vila Nova - como que conciliando os dois modos de estar -, à custa da ermidinha quinhentista e do antigo cemitério de São Sebastião, em cujo terreno se viria a erigir a Cadeia Comarcã, um castelinho medieval de planta hexagonal, igualmente desenhado por Bermudes (1906). 

A despedida do fausto cortesão deu-se em plena revolução republicana, quando em vésperas de embarcar para Inglaterra, o rei deposto e sua mãe - a rainha que se encantara com o Paço de Sintra e o esmiuçara em original álbum de desenhos -, pernoitaram em sobressalto na empinada Pena. Depois, a Câmara republicana tratou de democratizar a Vila Velha, preparando-a para a acolher um outro modo de estar. Assim se compreenderá que, logo em 1912, se tenha mandado demolir os anexos do antigo Paço Real, rasgando aquele espaço, outrora fechado, em amplo terreiro delimitado por possante balaustrada, de molde a visionar-se a frontaria do edifício, tudo isto segundo projecto de Rosendo Carvalheira. Esta modificação radical do prospecto da velha Sintra foi, ao longo do século XX, acompanhada por outras iniciativas que contribuíram para a moldagem da Vila actual, nomeadamente, a demolição da nave da Igreja da Misericórdia, de forma a abrir-se o Largo Gregório de Almeida, algures na década de 1920, e, já nos anos 60, o alargamento da Volta do Duche que redimensionou o acesso ao Centro Histórico. 

Foi, igualmente, nas primeiras décadas do século XX que se assistiu a profícua intervenção arquitectónica na Vila, ao projectar-se, no seu âmago, uma série de construções de cariz revivalista da autoria de Raul Lino, tais como, em 1916, a construção da Casa do Cipreste, como habitação do próprio arquitecto; em 1922, a edificação, a caminho do Arrabalde, da neo-renascentista Casa dos Penedos, com a sua grande loggia projectada sobre a planície, em 1924; a Casa Outão, em pleno bairro de São Pedro de Penaferrim, onde assenta, também, a fonte homónima (1929); e, por volta de 1926, a sóbria morada do escritor sintrense Francisco Costa, nas Murtas. Ainda no contexto do revivalismo renascença, poderá atentar-se na execução, em 1931 e a mando da Junta de Turismo de Sintra, do fontanário dos Pisões, esculpido na tradição clássica, por José da Fonseca, escultor que ensaiara já, numa experimentação mourisca, a fonte que bordeja a Volta do Duche (1920); enquanto que o arquitecto Tertuliano delineou o "manuelino" chafariz de fuste fronteiro à Câmara, inaugurado em 1914. 


Entretanto, na Estefânea, um outro arquitecto, ainda, revelava no traçado do Casino (1922-1924) influências da escola francesa. Trata-se de Norte Júnior, que também residiu em Sintra, onde deixou, aliás, profícua e ecléctica obra que oscilou entre o revivalismo do prédio neo-renascentista do Largo Gregório de Almeida em pleno coração da Vila Velha (1940) e o modernista Cine-Teatro Carlos Manuel do meado do século (actual Centro Cultural Olga de Cadaval). Altura em que se começou a delinear um outro núcleo urbano, o da Portela, que se espraiou ao longo da via férrea e, inicialmente, constituiu o dormitório de Sintra, com as suas vivendas e prédios de três ou quatro andares, mas onde, hoje, se localizam alguns dos mais importantes serviços públicos, como a escola secundária, serviços municipalizados, departamentos camarários, os correios e o tribunal.

O Centro Histórico - protegido desde 1949 pelo Plano de Urbanização de Sintra, da autoria do urbanista Étienne de Gröer, que abrange também parte dos bairros de São Pedro de Penaferrim, da Estefânea e da Portela - tem-se aninhado numa falda ensombreada protegida pela Serra altaneira. As suas tortuosas e estreitas vielas espontam no monumental Palácio Nacional e os seus becos, pequenos largos ou praças impõem ritmos que surpreendem pela sua clarividência vernacular atlântico-mediterrânica, aristocrática ou erudita. 

Esta projecção do tecido urbano da Sintra histórica - que a Câmara Municipal de Sintra tem procurado manter e requalificar - extravasa o âmbito da própria Vila e dispersa-se pela verdejante Serra, quer seja num belo palacete, num modesto cenóbio, numa rude ermida, quer seja, ainda, num pequeno belveder, num simples fontanário ou cruzeiro constituindo, assim, a magia do lugar, pois, em Sintra, o diálogo ente o Homem e a Natureza é uma constante.

Fonte: www.cm-sintra.pt


 Viva Sintra! Património de Portugal!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A ponte pedonal entre a Portela de Sintra e a Estefânia continua ausente!


Conforme é do conhecimento público, existia não há muito tempo atrás, uma ponte pedonal situada na freguesia de Santa Maria e São Miguel, colocada estrategicamente com uma passagem que fazia a ligação da Rua Dr. Álvaro de Vasconcelos na Portela de Sintra e que passava por cima da linha do caminho-de-ferro, ligando-se à Rua Sara Maria Soares da Silva que por sua vez, dá acesso à Avenida Heliodoro Salgado, na Estefânia. 

Essa passagem pedonal, também se situava perto do Departamento de Obras e Urbanismo da Câmara Municipal de Sintra e encontrava-se seriamente degradada, apresentando um piso escorregadio e perigoso para todos os que tinham a necessidade e o hábito de por lá passarem, sobretudo para as crianças e idosos. Decorridos vários meses neste estado e após algumas reclamações, a Câmara Municipal entendeu e bem, proceder à urgente reparação da estrutura metálica e tratamento anticorrosivo e estabeleceu um período previsto de cerca de um mês (50 dias). Segundo declarações do Sr. Vereador Luís Duque, seria reposta no passado mês de Novembro de 2011…


Entretanto, a família de proprietários do edifício em fase de reabilitação a antiga Garagem Sintra, cujo tecto tinha já ruído no ano de 2007, “lembrou-se” passados vários anos consecutivos, que não tinha dado autorização expressa (por escrito) à Autarquia para utilizar o pequeno espaço de terreno privado que era ocupado com a existência da ponte pedonal e apresentou um processo judicial para afirmar os seus direitos sobre o local, que se encontra no presente momento à apreciação do Tribunal. 

Já lá vão quase 5 meses e a população continua sem ter uma passagem que era de grande utilidade para os utentes do parque de estacionamento do Departamento de Obras e Urbanismo; de pessoas que se deslocavam da Portela de Sintra para a Estefânia e até para os comerciantes, que após a ausência do
referido equipamento, notaram um decréscimo acentuado na clientela habitual. 


Essas pessoas sem a ponte, têm de ir dar uma volta pela Avenida Movimento das Forças Armadas (um nome que devia envergonhar os sintrenses, visto que se tratou de um movimento de militares influenciados pelo partido comunista, dando origem a um golpe de Estado que era inconstitucional, ou seja, ilegal no tempo em que foi executado) ou então, pela Rua Acácio Barreiros, mas já num outro quarteirão mais adiante…

Um comerciante local, directamente lesado com esta situação, resolveu fazer um abaixo-assinado, afirmando que a Junta e a Câmara têm que resolver este impasse. Entretanto, o Sr. Presidente da Câmara deu mais um prazo de uma semana para esclarecer a população sobre este caso, coisa que já devia ter sido feita atempadamente através de um comunicado à meses atrás e o Exmo. Sr. Vereador Luís Duque, afirma que a estrutura já está pronta a ser instalada… 

Ora como se percebe, o caso estando em Tribunal, vai demorar mais alguns meses, ou anos para ter uma resolução. Não terá o proprietário do espaço de terreno em causa direito ao que é seu? Claro que tem, mas porque é que só se sentiu ofendido ou lesado após vários anos? 


O que se pretende da parte da Autarquia é das duas uma: ao abrigo da lei de expropriação de terrenos por motivos de utilidade pública, proceder à expropriação dessa faixa de terreno e indemnizar o proprietário com o justo valor (caso a lei de usucapião não se aplique) ou em alternativa, mandar executar uma nova estrutura metálica mais longa, para ser montada no mesmo local de partida, mas com um desvio considerável e ser ligada já muito perto da Rua Sara Maria Soares da Silva. Agora o que não é admissível é os senhores responsáveis pelo caso: a Junta e a Câmara fazerem de conta que o assunto não é com eles, deixando o caso arrastar-se sem solução à vista! Isso é que não.

Assuntos como este, simples e de fácil resolução, demoram quase sempre, vários meses e anos a serem resolvidos. É uma vergonha para qualquer representante oficial do nosso município que se preze, situações destas, assim como o mau funcionamento do actual sistema judicial! Relembro que se a maioria da população, aceitar este estado de coisas votando em quem não merece, deve assumir a parte de responsabilidade que lhe cabe, pelos seus actos...


Um estadista do passado recente afirmou: "quem não for patriota, não pode ser considerado Português". Acrescento, que quem tiver cargos de confiança político-institucional, não pode ser menos do que patriota, para que não se transforme num traidor. 

Ser Nacionalista é justamente, proceder de forma activa e preocupada pelos interesses da população sintrense, desde que sejam legítimos e fundados, exactamente como este.

Fonte: jornal da região sintra, adaptado pelo autor do blogue.


Viva Sintra! Terra Portuguesa!