domingo, 17 de abril de 2011

Centros comerciais em excesso, prejudicam a coesão social, provocando falências e desemprego.


Como é do conhecimento público, foi inaugurado há dias o Fórum Sintra, um dos maiores centros comerciais do país, por vontade da empresa multinacional americana, Multi Corporation, que agrupa várias empresas subsidiárias entre as quais a Multi Development Portugal, uma imobiliária sedeada na Holanda, especializada na gestão de centros comerciais e parques de escritórios, ambas patrocinadas pelo Morgan Stanley Real Estate Fund, Fundo Imobiliário Morgan Stanley dos Estados Unidos, que em sociedade com a Imoretalho, Gestão de Imóveis, SA do Grupo português Jerónimo Martins, assumiu a administração conjunta do Fórum Sintra.



Este empreendimento, teve um investimento total de 170 milhões de euros e cria cerca de 2.500 postos de trabalho directos, mais 800 indirectos. Ora segundo dados estatísticos, todos os hipermercados ou centros comerciais de grandes dimensões, a funcionar em áreas residenciais onde existam zonas de Comércio Tradicional e/ou Familiar, com postos de trabalho na sua maioria efectivos, tem como consequência a médio prazo, a falência e o despedimento de funcionários, provocado pela afluência dos consumidores em geral às grandes superfícies, deixando a maioria de fazer as suas compras habituais nos locais mais próximos.


Ao provocar a falência de micro e pequenas empresas comerciais, cria-se mais desemprego e põe-se em causa a coesão social que se irá agravar no município de Sintra. E assim sendo, o benefício inicial desse grande investimento acaba por se tornar prejudicial, porque essas grandes multinacionais, como o próprio nome indica, são empresas espalhadas por vários países e que visam dominar o mercado, neste caso, através dos centros comerciais com objectivo de eliminar toda a concorrência e exportar os seus próprios produtos, em claro detrimento dos produtos portugueses. Os empresários do pequeno comércio dizem o seguinte:
http://www.noticiasgrandelisboa.com/economia/associaao-empresarial-contesta-abertura-do-forum-sintra5034.aspx


Qualquer país civilizado, deve ter um Programa político-económico de Captação do Investimento Estrangeiro, para orientação dos investidores e para o desenvolvimento sustentado dos locais onde se estabelecem, onde sejam criadas regras claras sobre: áreas; tipos de negócio e necessidades socio-económicas, acabando por gerar melhorias para todos nós. Não são os estrangeiros que escolhem em que é que querem investir. Somos nós Portugueses, que devemos orientá-los, com os critérios que nos sejam favoráveis, sem lhes negar a parte de benefícios que lhes corresponda por direito.


Por outro lado. A cobardia do actual des/governo, para não assumir a responsabilidade da decisão que lhe compete, delegou a legalização do alargamento do horário de trabalho nos hipermercados, para os municípios, impedindo o descanso necessário aos funcionários. Se é verdade que a organização da vida actual, por várias razões, é facilitada pela abertura ao Sábado; Domingo e feriados, também é verdade que não é admissível a existência de um horário alargado continuado nos centros comerciais, além de 6 meses anuais e sobretudo, sem haver 2 dias seguidos de descanso semanal! E os feriados não são dias comuns, porque a razão da sua existência é precisamente, a de não haver trabalho obrigatório nesses dias. Caso contrário não fazem sentido. Mas há quem defenda a destituição da maioria dos Feriados, por considerarem que prejudica a produtividade, o que se pode comprovar facilmente, que a falta de produtividade não está directamente relacionada com o número de feriados existentes actualmente em Portugal. Está sim, relacionada com a falta de correcção dos métodos de trabalho; com a organização do trabalho; com a gestão defeituosa das empresas; com fraca inovação dos produtos, tecnologias e necessária formação profissional periódica dos seus recursos humanos. Estas é que são as verdadeiras razões da fraca produtividade.


Em vez de mais um grande centro comercial, porque é que não se promoveu, junto dos investidores, um Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação de Sintra, como o Taguspark em Oeiras, fazendo a interligação entre, por exemplo, da Faculdade de Engenharia de Sintra da Universidade Católica Portuguesa e outras escolas superiores ou técnicas; empresas e associações empresariais em Sintra? Aqui sim. Seria um investimento capaz de desenvolver a economia local do Município e que em vez de criar postos de trabalho na sua maioria, precário à custa da destruição de outros, quase em simultâneo, potenciaria a contratação de gente desempregada.




Mas para tal era preciso, que o Sr. Presidente da Câmara Municipal, em vez de se dedicar totalmente ou quase, ao futebol, tivesse influenciado o governo ou a empresa que pretendia investir em Sintra, de forma a que o investimento feito no Fórum Sintra, tivesse sido noutra área mais proveitosa para todos, num Parque de Ciência Sintra...

Com uma Administração Nacionalista em Sintra, haveria um Plano de Desenvolvimento Económico e Social, preparado para atrair investidores em áreas necessárias ao município, inibidoras do excesso de concorrência, que em vez de criar alternativas ao consumidor, provoca falências e desemprego.


Na mesma linha de pensamento, teria a maior utilidade a constituição do Conselho de Economia, Sociedade e Cultura, CESC, que reunindo os agentes económicos; sociais e culturais do município, faria a ponte entre a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal, aconselhando e acordando políticas, que visem o serviço à comunidade, uma vez que haveria contacto com a Realidade Socioeconómica sintrense.

Mas não! Preferiu-se continuar a não intervir; em não planear; em não se organizar; em não se executar e quem sofre com isso é a população que vive com cada vez mais dificuldades, enquanto alguns se orientam da melhor maneira para eles próprios.


Além do conselho de economia, sociedade e cultura, uma Agência Municipal para a Criação de Micro-empresas e Formação Profissional, associada a um Programa Municipal de Micro-crédito, com isenção da dívida até 7 anos e com juro baixo de 1%, completaria o plano organizacional do desenvolvimento económico da produção agrícola; industrial e tecnológica como fonte de criação de negócios e emprego em Sintra. Perguntar-se-ão, o que se ganharia com juro baixo, cujo retorno é alargado no tempo? Ganhar-se-ia a coesão, desenvolvimento económico e social locais, com criação de riqueza e postos de trabalho, dando possibilidades aos empreendedores de criarem primeiro, algum rendimento sustentado, pagando a dívida mais tarde.


Mais que o capital como usura é urgente que ele se torne em ferramenta de produção! Criando-se um sub-sector dedicado em exclusivo à especulação, como forma de compensação à mora e ao juro baixo, através de sociedades de valores mobiliários…

Em conclusão se entende, que a haver a construção de grandes centros comerciais, eles devem ocorrer em zonas isoladas ou afastadas das áreas residenciais e que os grandes centros comerciais, que sejam situados nos centros urbanos, devem facilitar sociedade aos pequenos comerciantes, a 20% de toda a área lojista, ou em alternativa, seja reservada à Câmara Municipal uma área comercial de dimensão suficiente, para ser cedida aos agentes do comércio tradicional. Esta política evitaria o colapso do pequeno comércio e aumentaria a liberdade de escolha do consumidor.



Viva Sintra! Terra Portuguesa!