sábado, 7 de janeiro de 2012

Breve síntese histórico-religiosa do Ano Novo.

 
O Ano Novo é um evento que acontece quando uma cultura celebra o fim de um ano e o começo do próximo. Todas as culturas que têm calendários anuais celebram o "Ano-Novo". A celebração do evento é também chamada Réveillon, termo oriundo do verbo francês réveiller, que em português significa "despertar". Portanto muito mais correcto, seria se nós Portugueses usássemos o termo luso de “Véspera” em vez do francês…

Enfim… normalmente costuma-se fazer votos de “um próspero” Ano Novo, querendo dizer, que seja fecundo em riqueza, seja ela em capital ou em outros bens. Mas este ano de 2012 em Portugal, não será de prosperidade em termos materiais, pelo menos para a grande maioria de nós, salvo as devidas excepções, claro e ainda bem que elas existem.

Sendo assim, afigura-se-me mais próprio na época em que vivemos, desejar um Bom Ano Novo com Saúde, Amizade e Conhecimento, porque sem saúde, nada poderá ter sucesso; sem amigos verdadeiros, estaremos mais isolados e sujeitos à ilusão e sem conhecimento, também não poderemos aumentar a riqueza material…

Vejamos então, através de uma pequena síntese, numa perspectiva simultaneamente histórico-cultural e religiosa, como é encarado e celebrado o Ano Novo, através dos tempos, no Paganismo céltico; Judaísmo; Cristianismo e Islamismo, uma vez que têm raízes históricas e culturais em Portugal, abordando também a influência do Budismo na China; o Zoroastrismo no Irão e a Profecia Maia:

 
A Roda do Ano na antiga civilização celta e no Paganismo é o que simboliza a concepção de tempo dos pagãos (do latim paganus, que significa "habitante do campo", "rústico. Na perspectiva cristã, o termo foi historicamente usado para englobar todas as religiões, que aceitam um panteão de deuses, tendo à cabeça um deus principal, masculino ou feminino. O termo "pagão" é uma adaptação cristã de "gentio" do judaísmo. Como tal é uma visão de conotações pejorativas entre o monoteísmo Ocidental normalmente usado para se referir a tradições religiosas politeístas, principalmente à dos Celtas e que era algo diferente da actual e onde as raízes profundas de Portugal, teimam ao longo dos tempos, não deixar morrer, através de várias tradições populares e grupos neo-pagãos, para além do movimento ecológico e ambientalista contemporâneos.

Os Pagãos não viam o tempo de forma linear, mas circular, cíclico. Por isso os seus calendários levavam em conta não só o Ciclo Solar, como é o nosso, mas também o Ciclo Lunar. Originários da Tradição Celta, as celebrações ocorrem 8 vezes ao ano, levando-se em conta a posição da Terra em relação ao Sol: Equinócios e Solstícios.

Nessas ocasiões, na Wicca, são homenageadas duas divindades: a Deusa Mãe, ou simplesmente a "Deusa", que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero, O Gamo Rei, protector dos animais, dos rebanhos e da vida selvagem. Já em outros ramos do Paganismo, outros Deuses são adorados, pois nem todos têm essas duas únicas figuras centrais.
 
A comemoração no Ocidente Cristão, tem origem num decreto do imperador romano Júlio César, que fixou o 1º de Janeiro como o Dia do Ano Novo no ano 46 A.C. Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de Janeiro, deriva do nome de Jano, que tinha duas faces (bifronte) - uma voltada para frente (visualizando o futuro) e a outra para trás (visualizando o passado)…

 

No Judaísmo, a Rosh Hashaná (em hebraico "cabeça do ano") é o nome dado ao Ano Novo no judaísmo. Dentro da tradição rabínica, o Rosh Hashaná ocorre no primeiro dia do mês de Tishrei, o 1º mês do ano no calendário judaico rabínico, que corresponde ao 7º mês no calendário bíblico. Estamos no Ano Novo Judaico de 5772, que corresponde a 2012. A Torah (cinco primeiros livros do Antigo Testamento) refere-se a este dia como o Dia da Aclamação (Yom Teruá, em Levítico 23:24; Bíblia), pelo que os judeus caraítas seguem esta data mas não a consideram como o princípio do ano. 

Já a literatura rabínica, diz que foi neste dia que Adão e Eva foram criados e neste mesmo dia, incorreram no erro de “comer” da árvore da ciência do bem e do mal. Também teria sido neste dia que Caim teria morto o seu irmão Abel. Por isto considera-se este dia como o Dia do Julgamento (Yom ha-Din) e o Dia da Lembrança (Yom ha-Zikkaron), o início de um período de introspecção e meditação de 10 dias ( Yamim Noraim) que culminará no Yom Kipur, o Dia do Perdão, um período no qual se crê que o Criador julga os homens.


O Ano Novo no Islão é celebrado no dia 7 de Dezembro. O ano novo dos muçulmanos (submissos à vontade de Deus), correspondente ao 1º de Muharram do ano de 1432 da Hijra (Hégira). O calendário islâmico não teve origem a partir do nascimento de uma personalidade ou da data da Revelação da sua mensagem, mas a partir de um evento extremamente importante para os muçulmanos. Esse acontecimento é conhecido historicamente como a Hégira, que foi a migração da Cidade Santa de Meca para Yathrib depois, Medina, em que os muçulmanos liderados pelo Profeta e chefe político-militar, Mohammad, passados 13 anos de perseguições, torturas e assassinatos, praticados pelos idólatras (aqueles que prestam culto a ídolos; imagens) em função da adesão dos seus apoiantes ao Islão, a religião que prega a adoração a um Deus Único, Alá, que não pode ser reproduzido por qualquer imagem.

Em Medina, Mohammad e os seus apoiantes muçulmanos, constituíram pela primeira vez um Estado islâmico, regulado pela shaaria (lei islâmica) onde puseram em prática os ensinamentos do Alcorão. Esse episódio deu-se no dia 16 de Julho de 622 da Era Cristã.

O calendário islâmico é Lunar, ou seja, móvel, diferente do Calendário Gregoriano, que é Solar e fixo, adoptado no mundo actual como padrão. Os seus meses variam de 29 a 30 dias, não estando ligado às estações do ano como o Calendário Solar e a cada ano os seus meses têm início 11 dias mais cedo em relação ao Calendário Gregoriano.

"Perguntar-te-ão sobre os novilúnios. Dize-lhes: Servem para auxiliar o homem no cômputo do tempo e no conhecimento da época da peregrinação." (Alcorão 2:189). Este calendário só foi introduzido oficialmente no ano de 638 d.C. pelo 2º Califa (sucessor do profeta), Omar Ibn Al Khatab…


 
No Irão (Pérsia) o Noruz ( Nowroz, Noe - Rooz, Norooz, Novruz, Noh Ruz, Nav-roze, Navroz ou Náw-Rúz na língua pársi) é uma festa tradicional iraniana que celebra o Ano Novo do Calendário Persa (1º Dia da Primavera). O Noruz é comemorado por algumas comunidades no dia 21 de Março, e por outras, no Dia do Equinócio de Primavera, que pode acontecer a 20, 21 ou 22 de Março…

O Noruz é celebrado há pelo menos 3000 anos e está profundamente enraizado nos rituais e nas tradições do Zoroastrismo, uma religião mais antiga, antes do aparecimento do Islão, apoiada no conceito e divisão entre o Bem e o Mal. Actualmente, o Noruz é celebrado em muitos países que foram parte do antigo Império Persa ou sofreram a sua influência. Fora do Irão, é comemorado no Curdistão (onde é chamada Newroz), no Afeganistão, nas antigas repúblicas soviéticas do Tadjiquistão, Uzbequistão, Azerbaidjão, Casaquistão, Quirguistão e por várias comunidades de origem persa por todo o Médio Orinte.

O Noruz também é comemorado pelos zoroástricos, na Índia. A saudação usual de ano novo é Noruz Mubarak (Feliz Ano Novo). Na Turquia, diz-se Nevruz mübarek olsun (em turco) ou Cejna we pîroz be (em curdo).

 
A influência de Buda na China, é uma referência à data de comemoração do Ano Novo, adoptadas por diversas nações do Oriente que seguem um calendário tradicional distinto do Ocidental, o Calendário Chinês. As diferenças entre os dois calendários, fazem que a data de início de cada Ano Novo chinês, caia a cada ano numa data diferente do calendário Ocidental.

Os chineses relacionam cada novo ano a um dos 12 animais que teriam atendido ao chamado de Buda (iluminado) para uma reunião. Buda em agradecimento os transformou nos signos da Astrologia chinesa. Os 12 animais do Horóscopo chinês, que correspondem aos anos chineses são, de acordo com a ordem que se teriam apresentado a Buda na lenda acima citada: rato, búfalo/boi, tigre, coelho, dragão, cobra, cavalo, cabra, macaco, galo, cão e porco. Desta forma, o ano chinês de 4710 que corresponde a 2012 é o Ano do Dragão.



Por fim, os Maias, uma cultura civilizacional mesoamericana e pré-colombiana, (antes da chegada de Cristóvão Colombo) notável pela sua língua escrita (o único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua Arte, Arquitectura, Matemática e sistemas Astronómicos. 

Inicialmente estabelecidas durante o período pré-clássico (1000 a.C. a 250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a desenvolverem-se durante todo o período pós-clássico, até à chegada do massacre espanhol.

No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo e que tinham o calendário mais preciso, complexo e mais holístico que o nosso, previram vários acontecimentos que entretanto se passaram, como a chegada do homem branco, Hernan Cortez  a 8 de Novembro de 1519. Este calendário Maia prevê que algo de muito grave se passará no Solstício de Inverno, a 21 de Dezembro de 2012. Tão grave será o acontecimento, que o mundo tal como o conhecemos desaparecerá.  

Isto não quer dizer que o mundo acabará, quer simplesmente dizer que um grande acontecimento transformará o nosso mundo conhecido, por um mundo novo.

Ora é conhecido cientificamente, que nesta data durante o Solstício a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da nossa Galáxia, Via Láctea. Sabe-se que no centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo. Baseados no cientista Einstein e em alguma informação astronómica, há quem diga que o alinhamento com este buraco negro supermassivo levará a uma mudança do campo magnético terrestre, que acontece periodicamente. Isto levará a tsunamis, vulcões, terramotos, etc. sentidos mais ou menos por todos os Continentes da Terra.

Fontes: adaptações da wikipedia ; ciência hoje e bibliaonline, pelo autor do blogue.

Pelo sim e pelo não, devemos estar preparados para o que der e vier, seja positivo ou negativo. Sendo assim, deixo algumas palavras de Esperança, retiradas da Bíblia, sobre o fim deste tempo e o início de um Novo Tempo e de uma Nova Era:

36. "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Mateus 24:36

5. Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia. Génesis 1:5

11. Então disse Deus: "Cubra-se a terra de vegetação: plantas que dêem sementes e árvores cujos frutos produzam sementes de acordo com as suas espécies". E assim foi. Génesis 1:11

24. E disse Deus: "Produza a terra seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie". E assim foi. Génesis 1:24

26. Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". Génesis 1:26



 

Feliz Ano Novo
para
Todos os Sintrenses!