Passados três dias da comemoração do feriado nacional, no dia 1º de Dezembro, data da Restauração da Independência de Portugal, que se encontrava sob o domínio espanhol a partir do ano de 1580 e que só ao fim de 28 anos de guerra e ameaças por parte dos espanhóis, levou a que o Tratado de Lisboa em 13 de Fevereiro de 1668 a Espanha aceitasse a Nossa Independência. Esse tratado não deve ser confundido com o chamado Tratado de Lisboa da União Europeia. O nome é o mesmo, mas o significado e o acordo, são uma oposição total: enquanto o 1º celebra a independência, o 2º assinado no passado século XX, mata-a!
Parece que já pouca gente se recorda da importância deste dia. Parece que já nem nas escolas se ensina da forma correcta. O que leva a que em finais do ano corrente de 2011, o governo-delegado da Troika internacional em funções e constituído pela coligação de democratas progressistas e democratas-cristãos, PPD-PSD/CDS-PP, além de outras medidas, se lembre de extinguir 4 feriados nacionais, com o falso argumento de que é necessário para aumentar a produtividade da economia e que Portugal tem mais feriados nacionais do que os outros países da União Europeia, o que além de ser falso, visto que estamos na média em relação a outros, demonstra bem a subserviência deste “governo” às vontades externas, por um lado e por outro, à falta de patriotismo dos governantes e restantes partidos da chamada oposição: PS; PCP-PEV e BE, que apoiam este insulto, já no limiar da traição.
Destaca-se ainda assim, as comemorações em Lisboa, patrocinadas pela Câmara Municipal e pela SHIP, Sociedade Histórica da Independência de Portugal à mais de 100 anos; pelo MON, Movimento de Oposição Nacional e pelo recém-criado, MF, Movimento Falcata. No Porto, a data foi evocada pela iniciativa do PNR, Partido Nacional Renovador, através do seu Núcleo do Porto.
Vejamos as razões que levam a comemorar o dia 1º de Dezembro, relembrando a história de forma sumária, que leva a que os verdadeiros Portugueses não possam deixar morrer esta data, sem que seja comemorada com a devida solenidade e deferência. Afinal trata-se do 2º feriado nacional mais importante, logo a seguir ao 10 de Junho, o Dia de Portugal; da Raça; de Camões e das Comunidades Portuguesas.
A perda da independência tem início após o desaparecimento em combate do Rei D. Sebastião I, na fatídica batalha de Alcácer Quibir em Marrocos, contra o sultão muçulmano Abd Al-Malik (Mulei Moluco) em 1578. Uma vez que o rei não tinha filhos, cria-se uma crise dinástica na sucessão ao Trono Português, que leva o cardeal da Igreja Católica, D. Henrique, filho do rei D. Manuel I, a assumir o trono, mas que após a sua morte em 1580, como também não tinha descendentes, deixa o governo do Reino de Portugal a uma Junta de Governadores…
Ainda assim, em 24 de Julho de 1580, D. António, o Prior do Crato da Ordem de Malta (também chamada de Ordem do Hospital) estabelecida nesse município do Alto Alentejo desde 1340 é aclamado Rei de Portugal pela grande maioria do povo português. D. António I de Portugal é Rei por 3 anos, desde 1580 até 1583, data em que é obrigado a retirar e a estabelecer-se na ilha Terceira, Açores, por causa do ataque do exército espanhol comandado pelo duque de Alba, na batalha de Alcântara, Lisboa. Após a perda da batalha naval de Vila Franca, ao largo da ilha de São Miguel, nos Açores, a 26 de Julho de 1582/3, parte para o exílio, primeiro para França e depois para a Holanda e Bélgica, sem nunca deixar de lutar pelos seus direitos em nome da independência de Portugal. Tendo deixado vária descendência, a sua luta foi prosseguida pelo seu herdeiro, D. Emanuel príncipe de Portugal…
Conseguindo apoderar-se do Trono de Portugal, Filipe II de Espanha, 1583-1598, seguido por Filipe III, 1598-1621, até ao último dos Filipes, o IV de Espanha e Portugal, 1621-1640. Em todo este período, (87 anos, desde 1583 até 1668) os portugueses em Portugal viviam carregados de impostos; esqueciam a sua língua falando e escrevendo em castelhano; algumas casas nobres; do clero e da burguesia mudavam as suas residências para Madrid, enquanto o nosso Império Ultramarino no Brasil; Angola e outras possessões portuguesas na Ásia, eram pilhadas por holandeses; ingleses e franceses; o comércio oriental, tinha deixado de ser monopólio de Portugal e a Igreja através do Tribunal do “Santo” Ofício da Inquisição, prendia; torturava e matava e o exército português com poucos efectivos e obsoleto, já quase não existia. Este era o quadro da vida nacional, naquele tempo, aliás muito próximo da vida de hoje em alguns aspectos…
Até que, o diplomata português D. Antão Vaz de Almada, conde de Avranches, na sua casa de Lisboa, hoje Palácio da Independência e sede da SHIP, Sociedade Histórica da Independência de Portugal, sendo ao todo 40 aristocratas, chamados de conjurados, convencem o 8º duque de Bragança, D. João, que tinha ligações de amizade com a Casa espanhola de Habsburgo dos reis Filipes, a assumir a realeza, apenas possível através do golpe revolucionário que foi executado na manhã do dia 1 de Dezembro de 1640, com a invasão da sede do poder espanhol em Portugal, o Paço da Ribeira em Lisboa, onde se encontrava a Vice-Rainha de Portugal, a espanhola D. Margarida de Sabóia, duquesa de Mântua, juntamente com o português seu Secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos. O ataque derrotou a guarnição militar, prendeu a duquesa de Mântua e mandou Miguel de Vasconcelos pela janela fora, enquanto o povo com grande entusiasmo ia saudando e anunciando Restauração da Independência pelo país.
D. João II, 8º duque de Bragança, sobe ao Trono com a designação de D. João IV, Rei de Portugal, dando início a uma nova dinastia, a dinastia da Casa de Bragança. Desde 1640, Portugal esteve 28 anos na Guerra da Restauração.
Nessa época os Portugueses recuperam a sua Pátria, para agora de novo, num país dependente e de mão estendida à Troika, FMI; BCE e CE decorridos 371 anos depois, no século XXI o governo que é formado por portugueses, insulta o povo do qual já não se sente parte, anunciando de forma vergonhosa que o 1º de Dezembro de 2011 é oficialmente o último. Será? Os patriotas e os nacionalistas, jamais o esquecerão!
Aqui em Sintra, indiferente ao nome que ostenta desde 1 de Dezembro de 1880, apadrinhada pelo rei D. Carlos, a Sociedade Filarmónica União Primeiro de Dezembro, na freguesia de São Pedro, cujos fins eram ao tempo, a instrução e o recreio, através da música; da poesia; dos bailes, etc. deixou de ser um pólo cultural e recreativo, para ser hoje em dia mais um clube de futebol, com mérito é certo, mas sem haver qualquer actividade ou evocação comemorativa do seu próprio nome. A Sociedade União Primeiro de Dezembro, é hoje o futebol clube da união de S. Pedro, onde não há Memória, nem União no primeiro de Dezembro.
Um povo sem memória, não tem futuro. Com ou sem feriado, 1º de Dezembro, sempre!
Viva Sintra! Terra Portuguesa!