A produção da fábrica de carnes Nobre em
Mem-Martins, no concelho de Sintra, vai ser deslocalizada para Rio
Maior, pondo em risco cerca de 100 postos de trabalho, disse hoje à
agência Lusa fonte sindical.
“São cerca de cem trabalhadores que possivelmente irão ficar sem postos
de trabalho, porque estamos a falar de trabalhadores de 40, 50, até 60
anos, na sua maioria, e que obviamente não vão agora deslocalizar as
suas vidas de Lisboa para Rio Maior”, afirmou Rui Matias, do Sindicato
dos Trabalhadores de Agricultura e das Indústrias de Alimentação,
Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB). O sindicato foi informado hoje de manhã, numa reunião com a
administração, que a empresa tem em marcha uma deslocalização de
trabalhadores e de produção de Mem-Martins para Rio Maior.
A Nobre, num comunicado hoje enviado à agência Lusa, confirma que, no
âmbito da reestruturação interna do Campofrio Food Group, vai proceder à
desativação da área de Operações da unidade fabril de Mem-Martins,
transferindo a produção aí instalada para Rio Maior” e que este processo
“afecta cem pessoas da fábrica de Mem-Martins”.
“Estamos a falar num possível despedimento de cerca de cem
trabalhadores”, disse o sindicalista Rui Matias, acrescentando que
“existem neste momento cerca de 50 postos de trabalho directos que podem
ser deslocalizados”.
De acordo com o SINTAB, a administração da Nobre, “salientou que está
disponível para disponibilizar postos de trabalho na empresa que eles
têm em Rio Maior”.
A empresa confirma que “irá abrir 54 lugares em Rio Maior que,
preferencialmente, serão preenchidos por estes colaboradores [da fábrica
de Mem Martins]”. “Existirá sempre a condição do despedimento colectivo. Resta saber se é
com 100, com 90, com 50, com 10 ou com 20”, sublinhou Rui Matias.
A Nobre assegura que os trabalhadores “interessados na deslocação para
Rio Maior terão um conjunto de apoios que visam reduzir ao mínimo o
impacto das mudanças no seu dia-a-dia”.
“Para quem prefere manter-se na região de Lisboa, a Nobre estabeleceu
uma parceria com uma transportadora que assegurará as ligações diárias e
sem qualquer custo para os colaboradores da empresa.
Todos os
colaboradores que se deslocarem para Rio Maior terão direito a um
período experimental de seis meses, findo o qual poderão recusar o cargo
sem que percam as compensações relativas ao encerramento da unidade
industrial de Mem Martins”, refere a nota.
A Nobre, disse o sindicalista, fundamenta o despedimento coletivo “com
motivos estruturais, de mercado e financeiros”, algo que o SINTAB
compreende, já que considera que “a Nobre também é vítima deste plano de
austeridade bárbaro que o governo decretou para toda a indústria
portuguesa”. O sindicalista adiantou que o SINTAB pretende reunir-se com o
presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, por considerar que “esta
é uma situação de emergência social”.
Fonte: jornal da Região - Sintra.