sábado, 17 de março de 2012

O voluntariado ambientalista, versus a inconsciência cívica e o laxismo das autoridades.

 
Todo o voluntariado é uma dádiva em prol da qualidade de vida da comunidade ou de pessoas em particular. Ao contrário da atitude egoísta comum, é um movimento altruísta, que representa exactamente o seu oposto: o serviço abnegado em benefício dos outros; neste caso em particular, o voluntariado com preocupações ambientais, em parte herdeiro das reminiscências com origem na Antiga Cultura Pagã Lusitana, quase esquecida, em que a Natureza era considerada como sagrada…

É precisamente, com o sentido no voluntariado, que recordo o antigo PLP, Projecto Limpar Portugal de 2010, que mobilizou cerca de 100.000 voluntários a nível nacional no chamado dia “L” em 20 de Março de 2010, e do qual tive a honra de fazer parte. Passámos um dia inteiro em trabalho, na limpeza de lixo diverso; desenterro de pneus aos milhares; carpetes e tepetes velhos; madeiras, metais, vidros, etc. Foram formadas 5 grandes pilhas de lixo por especialidade entre Sintra e Cascais, em toda a área de terreno público, situado nas traseiras do Autódromo Fernanda Pires da Silva no Estoril. O Projecto Limpar Portugal evoluiu em 2011 para uma associação sem fins lucrativos, constituída exclusivamente por voluntários e tomou o nome de: AMO Portugal, Associação Mãos à Obra Portugal que neste ano se prepara para uma re-edição do seu projecto inicial, desta vez com uma parceria internacional de mais de 100 países, com o evento denominado: “Lets Do It! World Cleanup 2012” - Mãos à Obra Limpar Portugal 2012, para o próximo dia 24 de Março, conforme anuncia o vídeo: 
Limpar Portugal 2012 from AMO Portugal on Vimeo.

Mais recentemente, no passado dia 10 de Março, ocorreu outro evento semelhante,  nascido da parceria entre a Quercus - Associação Nacional da Conservação da Natureza (designa-se Quercus, por serem os carvalhos, as azinheiras e os sobreiros, as árvores características dos ecossistemas florestais mais evoluídos que cobriam antigamente o nosso país, cuja designação comum em latim é precisamente: “quercus”) e a empresa Selplus – Serviços e Gestão de Vendas, SA na freguesia de Belas, Sintra. Estas duas organizações, iniciaram a criação de um carvalhal com carvalhos-cerquinhos em terrenos sob a administração do Centro de Tropas Comandos na Serra da Carregueira. Esta plantação foi efectuada com a participação dos colaboradores da empresa Selplus, apoiada pela Associação Verde Foi Meu Nascimento e pelo Centro de Tropas Comandos, CTC. Este bosque será constituído por 2100 carvalhos-cerquinhos (da espécie quercus faginea), numa área de 2 hectares, mas apenas foram plantadas algumas das árvores, devido às actuais condições de seca, com o compromisso de serem regadas com regularidade. 


Esta acção pretende servir como um factor motivador para a reflorestação da Serra da Carregueira, que sofreu um incêndio recentemente e cujas provas de crime de fogo posto (caso muito frequente em todo o país) ainda estão por apurar, assim como a esmagadora maioria dos incêndios que ocorrem em Portugal, já contabilizam mais de 100 fogos no país em pleno Inverno que é este ano, bastante mais seco que o normal.

Para além das duas acções altruístas acima descritas (limpeza de lixo e reflorestação) que são meritórias sem qualquer dúvida, juntando vontades para a concretização de projectos de utilidade pública, acresce a legítima e pertinente questão: porque será que estas acções são realizadas exclusivamente com mão-de-obra voluntária?

Porque será que neste país e neste município em particular, de uma maneira geral, apenas os cidadãos cumpridores; honestos e contribuintes se vêem “obrigados” a tomar iniciativas em prol da melhoria do nosso ambiente, enquanto os incendiários; os lixeiros; os biscateiros e algumas empresas mafiosas que talvez nem devessem ter autorização para funcionar, são libertados de quaisquer despesas; tempo e trabalho não-remunerado, quando são eles os causadores de toda esta situação degradante e ambientalmente criminosa e quase sempre impune?!


Não serão estes os indivíduos e entidades, que deveriam ser justamente condenadas a ter a despesa e o trabalho da limpeza e da reflorestação de Portugal?! Assim como, os presidiários que estão à sombra meses sem fazerem nada, tendo cometido crimes e dando despesa a todos nós, não sendo obrigados a contribuir com trabalho obrigatório para o bem comum, aliviando parte dos seus crimes, participando nas actividades acima descritas? Ou até, desempregados dependentes dos subsídios da Segurança Social?

Não seria muito mais lógico e justo, que estas pessoas se dedicassem à limpeza de matas; reflorestação de áreas ardidas, etc.? É claro e evidente que sim! Mas…

Num sistema educativo culturalmente marxista por um lado e anarco-liberal por outro, que não é eficaz; não ensina de forma eficiente, nem Educa ninguém, salvo algumas excepções, como os cidadãos de amanhã, terão uma consciência cívica exemplar, capaz de não semear lixos e não pegar fogos? Muito dificilmente, assim como as autoridades deste país, quase sempre com uma atitude laxista e conivente com estes crimes, representadas pelos dois agentes da situação: PS / PSD, incapazes de tomar as providências que se impõem, corrigindo o sistema educativo e condenando os criminosos, como seria natural acontecer, mostrando aos demais, que quem faz mal não pode ficar bem! 

  
Levantemos as mãos ao céu em agradecimento pelos Voluntários de Portugal, em todos os sectores e actividades, mas não entremos no adormecimento, nem no branqueamento das injustiças que existem em Sintra, espelho autêntico do reflexo nacional, apoiando de todas as formas possíveis os Nacionalistas, porque na cena político-partidária serão eles e mais ninguém, o garante da defesa da Justiça célere e imparcial; da Educação séria; do Ambiente e da gestão dos recursos naturais no concelho de Sintra.

Fontes: Quercus ANCN e AMO Portugal.


Viva Sintra! Terra Portuguesa!