sábado, 7 de maio de 2011
Justiça social para idosos e crianças, permanentemente adiada!
É escandaloso, o estado em que vive a maioria dos idosos em Portugal, em particular, no que respeita ao Município de Sintra. Um antigo camionista, que reside na freguesia de Mira-Sintra e que sofre da terrível doença de Alzheimer, vive sozinho, porque foi expulso do centro de dia, onde morava, por causa de ter agredido outro utente, segundo consta. Ora o idoso em causa, não tem condições para viver sozinho, como facilmente se percebe, mas lá nesse centro de dia, não quiseram saber. Em vez de providenciarem medicação; acompanhamento psicológico, etc. puseram-no na rua! Pura e simplesmente, como se fosse um animal…
A situação deste idoso é do conhecimento da Segurança Social; da Associação dos Reformados; Pensionistas e Idosos de Mira Sintra desde Agosto de 2010 e pelo Programa Integrado de Policiamento de Proximidade da PSP de Sintra. Quem lhe vai valendo, são duas vizinhas que têm tratado deste idoso dependente. Diz assim uma das senhoras acerca do caso:
"É lamentável. Contactámos os delegados de Saúde de Sintra e de Queluz, a assistente social e a PSP, que ficou de enviar um relatório para a Segurança Social mas nada foi feito", afirmou Maria Cardoso, que vai todos os dias a casa de Carlos Salgado para lhe dar comida." A outra vizinha testemunha, que não tem condições de viver sozinho.
A Segurança Social admitiu a existência do processo, mas afirmou não ter conhecimento da "recente agudização da situação", garantindo que ia tentar colocar o idoso num lar. Isto após a reportagem. Se não tivesse havido uma reportagem, a Seg. Social, provavelmente,deixaria o caso nas mãos do acaso.Os Serviços da Acção Social vão contactar o filho, com quem Carlos Salgado não fala há sete anos, noticia o jornal “Correio da Manhã”.
Chamo a atenção que três entidades, não se incomodaram com este caso! Nem a Segurança Social; nem a Associação de Reformados, nem a Polícia! Três! Quem se incomoda são as duas vizinhas. Pergunto: a Segurança Social não tinha obrigação de averiguar as condições reais em que vive a pessoa em questão? A associação dos reformados, não podia chamar a atenção da Segurança Social; da Polícia? Poder podia, mas não fez caso. E a polícia, não se chama de Segurança Pública? Também não podia chamar um Delegado de Saúde ou alguém da Segurança Social? Poder podia, mas não são, provavelmente, atribuições da polícia, mas deviam ser!
Este país não funciona! Não respeita quem trabalhou uma vida inteira e descontou em idade activa, financiando a Segurança Social, para aos 65 anos usufruir de algum bem-estar ou de algum auxílio, conforme as situações e as necessidades. Por outro lado, ainda não há muitos anos, era na Família que os idosos viviam os últimos anos, próximos dos netos e dos seus filhos. Está instituída uma profunda crise de Valores.
Recordo um caso na minha família, em que a minha avó materna, pela altura em que teve a infelicidade de ficar viúva e como tinha 4 filhos e nenhum deles era abastado, ficou estabelecido, para não sobrecarregar um único filho com a despesa, uma vez que, por diversas razões, não tinha pensão, a Mãe deles, minha avó, seria sustentada um mês por cada filho ao mesmo tempo que lhes faria companhia. E assim foi, até ao último dia da sua vida. Nenhum filho seu, se lembrou de colocar a sua mãe, num lar qualquer à espera do autocarro da morte. Ainda não há muitos anos era assim!
Há pouco tempo, como foi do conhecimento do país inteiro, uma idosa foi encontrada morta em sua casa, depois das Finanças terem vendido a sua casa. A nova proprietária encontrou a idosa já cadáver! Estava morta há 9 anos! Sem que ninguém de direito e obrigação, desse por falta dela! Com excepção de um sobrinho já septuagenário, que diz:
"-Em 2002 participei à PSP e ao Tribunal de Sintra o desaparecimento da minha tia. Ao longo dos anos fui muitas vezes ao Ministério Público e disseram-me sempre que se ela estivesse morta notava-se o mau cheiro e por isso nunca deixaram arrombar a porta", disse à agência Lusa Armando Martinho Gaspar, sobrinho da idosa que terá falecido em 2002 e cujo corpo foi encontrado no seu apartamento na Rinchoa, Sintra.
E acrescenta: “-Ainda na semana passada se deslocou ao tribunal para tentar, mais uma vez, apurar sobre o desaparecimento da tia, mas teve a mesma resposta: "Não cheira mal, por isso..."Estou muito triste. Andei a caminho do tribunal várias vezes ao longo destes nove anos e nunca me deixaram arrombar a porta."
Segue a reportagem:
País - Cadáver de idosa morta há nove anos pode ter-se mumificado - RTP Noticias, Vídeo
Esta é a Realidade social dos idosos em Sintra. Mas em relação às crianças, o caso não tem tido melhoras segundo a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Sintra Ocidental e Oriental, que abrange as 20 freguesias, informa que existe um agravamento de casos de absentismo escolar; negligência e maus-tratos a crianças e jovens.
Para os Nacionalistas, que estão acima da esquerda e da direita, estes casos não são suportáveis, nem admissíveis! Mas são tolerados pelos políticos do costume a quem a maioria alucinada por promessas irrealizáveis, vai votando e reclamando aqui e ali, sempre que alguma situação os incomoda pessoalmente, mas que na altura própria de poderem mudar, escolhem, manter.
Não devia ser legal a existência de lares, funcionando muitas das vezes sem condições e que de lar, nada têm, mas sim de depósitos de “peças velhas” que já ninguém quer! Em que já poucos escutam a voz da Sabedoria empírica, da experiência.
Em seu lugar, estabelecer-se-ía o aumento da área das residências familiares e como complemento, substituindo os lares, as Residências Assistidas para Idosos e Crianças, em cada freguesia, munidas também, com uma Assistência Domiciliária, igualmente disponível para idosos e crianças.
Esta política podia ser desenvolvida pela Câmara Municipal, quer individualmente, quer em cooperação com IPSS, Instituições Particulares de Solidariedade Social, portanto, sem fins lucrativos, mas com fins de Utilidade Pública, onde cada utente pagaria uma mensalidade comparticipativa das despesas, de funcionamento; de pessoal e de medicamentos genéricos, na ordem de 10% da sua pensão, conforme as suas possibilidades, uma vez que com pessoas que não estão em idade activa, não se deveria fazer negócio…
O que é uma Residência Assistida, não é o mesmo que um lar? Não é semelhante. Para elucidar, apresento um excerto de um anúncio de uma residência assistida para idosos, privada e com fins lucrativos, em que cada cliente, paga mais de 1000 euros mensais:
Uma equipa competente e treinada. Dispõe de assistência de uma equipa técnica, disponível para atender as suas necessidades, 24/24h.A nossa equipa técnica integra:
» Médico, especialista de medicina interna, que consulta semanalmente todos os Residentes referenciados:
» Médico psiquiatra;
» Enfermeiros graduados, que asseguram turnos diários, 7 dias por semana;
» Fisioterapeuta.
» Também em cuidados continuados/paliativos e demências. A nossa experiência envolve a prestação de cuidados continuados, nas fases de convalescença, ou reabilitação – AVC, Acidentes Vasculares Cerebrais, enfartes, cirurgias, outros episódios agudos e paliativa, no caso de doenças incuráveis. Também na área das demências, Alzheimer e congéneres…
Como se vê é possível outra Realidade social em Sintra. Mas para isso é necessário que os nossos munícipes, assim o desejem e votem em conformidade, não ficando em casa dizendo que não vale a pena, nem votando nos mesmos que são iguais.
Viva Sintra! Um município de Portugal!
Postado por
Sintra Autóctone
à(s)
sábado, maio 07, 2011
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